Romance

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Naquele mundo distópico

não havia amor passado

ninguém queria, ninguém sentia

amor virou instante

nada mais é filantrópico

sem o corpo amassado

nada mais intenso havia

morreu o tal romance

eles já não se encontram

a faísca é então digital

signos, pura semiótica

momentos de compreensão

no gozo solitário se concentram

perdeu-se o instinto animal

relação simples simbiótica

alívio sem rompantes de paixão

tudo em nome do medo

o receio de por fim viver

sempre é muito cedo

para deixar acontecer

evitam assim cicatrizes

não reproduzem emoções

atores e atrizes

elaboradas interpretações

não há mais amor

já temos outras dores

uma vida sem humor

muitas telas e computadores

a poesia tenta e resiste

com seu pedido desesperado

provoca e ainda insiste

em busca do último enamorado

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