Capítulo 15

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Meu despertador não tem um pingo de misericórdia na manhã do meu último dia de viajem, se esgoelando no meio do meu sono quase tranquilo.

Ainda que tenha dormido por pouco tempo demais pra me recuperar dos acontecimentos de ontem, e que esteja totalmente confusa quanto a Calum, dormir na companhia dele continua sendo uma das melhores coisas do mundo.

Porém não me dou ao luxo de ficar deitada por muito tempo, na verdade, já que tenho um compromisso com meus pais e absolutamente nenhum tempo a perder. Me arrasto para a beirada da cama, e ouço Calum resmungar alguma coisa incompreensível antes de se virar para o outro lado.

Dou risada e me levanto, sentido o mundo girar sob meus pés. Com muito esforço consigo chegar até o banheiro e lavar meu rosto. Alguns munutos depois saio e quase posso me sentir humana outra vez, mesmo que minha cabeça ainda esteja meio nebulosa.

No quarto, percebo que Calum nem se mexeu. Eu respiro fundo.

–Cal... – chamo – Calum?!

Não recebo resposta alguma, então vou até o lado que ele está na cama, e balanço seus ombros.

–Calum!

–Hmm? – ele resmunga, forçando os olhos fechados.

–Você precisa acordar. – dou risada de seu estado – A não ser que você tenha desistido de ir comigo.

–Não, não. – ele rola para o meio da cama – Tô indo.

–De pé! – eu peço – O último trem da manhã sai daqui a quarenta minutos, e ainda precisamos chegar na estação.

–Que trem?! – ele murmura, e finalmente encontra forças pra ficar sentado na cama – Eu aluguei um carro.

–Alugou?

Me pegou de surpresa, definitivamente.

–Sim. Bem mais fácil.

–Com certeza. – concordo – Uau, valeu Cal.

–Não há de que. – o moreno sorri.

Seus cabelos estão totalmente bagunçados, e seus olhos quase não parecem abertos de tão inchados. Os efeitos do álcool de ontem são mega visíveis pra ele.

–Mas precisamos ir logo mesmo assim, prometi chegar para o almoço.

Ele suspira, se livrando das cobertas.

–E o que eu não faço por você? – ele se levanta, acabado – Só preciso de um banho, eu vou viver outra vez.

–Isso aí.

Eu sei que preciso esquecer o que aconteceu ontem, mas minha mente faz questão de me atormentar com isso no primeiro segundo que tem a oportunidade. Assim que Calum entra no banheiro da suíte.

Como se a noite já não tivesse sido repleta de acontecimentos intensos, tudo ficou ainda mais turbulento quando chegamos no hotel.

Nós estávamos deitados na cama gigantesca, imersos em um silêncio reconfortante quando entramos em uma conversa profunda, e extremamente sincera. Daquelas que só é possível ter em um estado muito específico de embriagues, quando as verdades do seu cérebro são muito mais rápidas que a consciência que as impede de serem espalhadas por aí. Mas a verdade, é que falar abertamente sobre o meu estado, e o gigante vazio que eu sinto todos os dias é doloroso pra mim em qualquer estado... então em comecei a chorar, e não pensei que não fosse mais parar. Calum deve ser algum tipo de santo por conseguir lidar com isso. Ele precisou de longos minutos pra conseguir me tranquilizar.

Why Won't You Love Me? - Calum HoodOnde histórias criam vida. Descubra agora