Capítulo 9

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Nem acredito quando olho para o relógio e vejo que meu expediente já acabou. Mais uma semana inteira se passou e eu estou ilesa.

Talvez no piloto automático até hoje, mas isso não tem me incomodado.

Não posso dizer que tive dias extraordinariamente felizes nessas duas semanas, desde que Calum viajou. Mas estou cumprindo todas as minhas obrigações na revista, meus textos estão com um ótimo padrão de qualidade, estou me exercitando, e eu consigo cuidar e dar atenção á Duke durante todo o meu tempo livre.

A vida adulta é isso na maioria das vezes. Precisamos desistir da ideia da felicidade absoluta pra conseguir sobreviver e cumprir com as obrigações. No começo isso me incomodava tanto, mas com o tempo me rendi a maneira como o mundo real funciona.

A parte difícil de ser uma escritora e uma apaixonada por livros, é que nas tramas algo incrível sempre está acontecendo ou está prestes a acontecer, tudo tem um propósito e se encaixa perfeitamente.

É difícil sair disso, que é o que todos acreditamos na adolescência, para se chegar no duro mundo real. Além do quão doloroso é descobrir que talvez você não seja uma pessoa extraordinária, nem tenha uma história extraordinária... mas seja uma pessoa comum, com uma vida comum, e um destino comum (se é que destino existe mesmo).

Por isso quando dizem que crescer é tão difícil, falam sério.

–Você está indo pra casa agora? –Cassie me pergunta, virando sua cadeira de escritório na minha direção.

–Finalmente.

–E você tem planos pra hoje?

–Talvez dê uma volta com Duke, não sei.

Cassie ri, enquanto fecha seu computador e arruma suas coisas.

–Esses são seus planos? – ela brinca. – Que divertido, amiga.

–Qual o problema? –dou risada. 

Minhas coisas já estão prontas para sair, mas decido espera-la.

–Eu vou com você, posso?

–Claro.

Saímos da revista a pé mesmo, não é um caminho longo até o meu prédio. Quinze minutos no máximo, mas o caminho é até legal de ser percorrido.

Enquanto estamos andando na calçada, podemos ouvir um carro com uma buzina constante, cada vez mais próximo de nós. Cassie e eu viramos para trás, intrigadas.

É aí que eu reconheço o carro azul escuro de Daya, o que faz total sentido. Nos entreolhamos e caímos na gargalhada, enquanto nossa amiga para perto de nós, sem muita delicadeza.

–Hey! – ela diz – Acabei saindo mais tarde hoje, eu nunca vejo vocês.

–Saímos pontualmente ás cinco e meia – comento – nem um momento a mais com Jace.

–Vocês estão indo pra sua casa, Jess?

–Estamos sim.

–Entrem, manés. – ela declara. – Dia de sorte.

Cassie e eu não discutimos, apenas aceitamos a carona. Minha amiga entrou no banco do carona, e eu atrás dela. A primeira que fazemos no carro é apertar bem os cintos, já que Daya vive perigosamente em todos os sentidos da existência dela, incluindo o transito.

Acabamos cantando qualquer coisa que estivesse no rádio até a minha casa, que não demora muito pra chegar.

–Não sei se a Lya já chegou ou não, os horários dela são malucos. – comento com as minhas amigas enquanto abro a porta do meu apartamento.

Why Won't You Love Me? - Calum HoodOnde histórias criam vida. Descubra agora