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Consegui cumprir com todos os meus compromissos de trabalho durante a semana. Ser dono de uma empresa que desenvolvia aplicativos para celulares e computadores exigia atenção, competência e um cuidado redobrado com os avanços das empresas concorrentes. O mundo digital mudava de minuto a minuto, sempre tentando estar um passo à frente das necessidades que as pessoas nem sabiam que tinham. Então, cabia a mim, aos meus sócios e empregados, ficarmos atentos a cada pequena mudança. 

Na sexta-feira de manhã, recebi uma mensagem de Alexandre perguntando se o encontro de mais tarde estava de pé e respondi que sim. Perguntei se ele poderia me adiantar alguma coisa sobre a melhor amiga da sua namorada, mas ele disse que ainda não sabia de muita coisa, que tentaria descobrir até o anoitecer. O dia passou rapidamente, tive duas reuniões, uma com a minha equipe e outra com uma nova empresa de software que queria investir na minha empresa e cheguei em casa um pouco depois das seis. 

Tomei um banho demorado, fiz a barba, raspei os pelos debaixo e Bob me olhou como se questionasse o porquê de tudo aquilo. Ele era bem inconveniente e tinha o seu espaço favorito no banheiro, onde se deitava e ficava me observando tomar banho. 

Depois de espirrar um pouco de perfume em meu pescoço, olhei para ele pelo espelho. 

— O que foi? Um homem precisa se arrumar bem se quiser voltar com uma mulher bonita para casa, Bob — falei, colocando o perfume sobre a bancada. — Sei que você não precisa se esforçar tanto, mas com os humanos a coisa é mais difícil. 

Ele jogou a cabeça para o lado e me olhou como se tivesse tentando entender o que eu estava dizendo. Por fim, acho que desistiu, pois bocejou e me acompanhou quando eu saí e desliguei a luz do banheiro. Em frente ao closet, escolhi uma calça jeans de lavagem escura, minhas botas de couro preta e uma blusa branca. 

Como a noite estava pouco fria, peguei minha inseparável jaqueta de couro e passei a mão pelo cabelo para que os fios ficassem despojados, mas um pouco arrumados. 

— Cuide da casa, amigão. Volto mais tarde. Nada de mijar nos móveis — falei para Bob, coçando a sua orelha antes de sair.

O Karaokê do Jô ficava em Ipanema e era o point dos jovens cariocas. Fundado em 1995, ele ainda mantinha o seu ar dos roqueiros dos anos 90, com poltronas de couro preta, pôsteres de bandas nas paredes de tijolinhos e o palco de madeira ao fundo, iluminado por muitas luzes. Assim que encontrei uma vaga, estacionei e encontrei a entrada bem cheia, com uma galera bem jovem bebendo e fumando enquanto esperava para entrar. Como Alexandre e eu éramos clientes assíduos e amigos do gerente — que era filho do dono —, tínhamos uma mesa reservada e só precisei dar o meu nome para a recepcionista. 

Do lado de dentro, o espaço amplo já estava tomado. O ar condicionado mantinha o lugar fresco, mas eu sabia que em breve teria que tirar a minha jaqueta, pois o local iria encher ainda mais. No palco, uma mulher estava de costas, conversando com o DJ responsável por colocar as músicas. As luzes me atrapalharam um pouco e não consegui enxergá-la direito, por isso, desviei a minha atenção para o caminho entre as mesas e logo achei o meu irmão. Ele estava sentado ao lado de uma mulher muito bonita e sorridente, que logo reconheci com a sua namorada. 

Busquei o nome dela na minha memória para que não passasse vergonha ao conhecê-la.

 — Shawn, que bom que chegou! — Alexandre me cumprimentou, levantando-se e me dando um abraço. Sussurrou em meu ouvido: — Descobri algumas coisas sobre a amiga da Paula. Já, já eu te conto. 

— Está bem — respondi, me afastando. Ao seu lado, Paula se levantou. — É um prazer conhecê-la, Paula. Alexandre já me falou muito sobre você. 

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