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Boa Leitura!

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A semana passou depressa e, infelizmente, Camila e eu não conseguimos nos encontrar de novo. Com os preparativos para o lançamento da nova plataforma digital de jogos, o trabalho na empresa havia dobrado de tamanho e estava saindo mais tarde a cada dia. Mesmo assim, trocávamos mensagem o tempo todo, o que era uma novidade para mim. Geralmente, só entrava no WhatsApp para falar com a família no grupo, ou para responder meus irmãos e amigos; ter realmente com quem conversar e gostar de passar horas no celular por causa dessa pessoa — uma mulher — era algo definitivamente novo em minha rotina. 

Depois de um dia cansativo, cheguei em casa e Bob me olhou com aquela cara de cachorro que havia caído do caminhão da mudança. Ele sempre fazia isso quando ficava preso dentro de casa e, sabendo que estava em falta com ele, me esforcei e troquei a roupa de trabalho por um short e blusa de academia e um par de tênis. 

Assim que viu como eu estava vestido, ele se alegrou, colocando a língua para fora e abanando o rabo como se estivesse vendo um buffet cheio de petiscos a sua espera. 

— Vamos liberar essa energia acumulada, garotão, antes que você saia correndo pela casa e quebre os meus móveis. 

Peguei a sua guia e o vesti, mas, antes de sair, tirei uma foto sua e enviei para Camila com a seguinte mensagem: 

"Papai está trabalhando muito, então, hoje, a corrida vai ser no nosso condomínio mesmo. #PartiuVerAsCachorrasDasVizinhas." 

Camila ficou online no mesmo instante e podia imaginar a sua risada enquanto via a foto de Bob com a língua para fora e a mensagem que eu havia escrito. 

Sua resposta chegou segundos depois. 

"Isso aí, Bob, coloca seu pai pra correr atrás de você. E fique de olho nele para mim, tudo bem? Não o deixa ficar de olho nas vizinhas." 

Opa, será que ela sentia ciúme ao me imaginar olhando as vizinhas? Não pude deixar de sorrir enquanto digitava uma resposta. 

"Meu pai disse que só tem olhos para uma escritora, mas ela o colocou na friendzone." 

"Golpe baixo, Mendes. Esse não é um jogo limpo." 

"Nunca disse que seria, bella." 

Com um sorriso, coloquei o celular no bolso e saí com Bob, antes que ele ficasse puto de vez comigo e resolvesse não olhar mais na minha cara. Corremos por quinze minutos debaixo do céu estrelado e da lua cheia, que estava impressionante naquela noite. 

Olhei rapidamente no relógio e vi que passava das nove; se fosse um pouco mais cedo, chamaria Camila para passear na orla de Ipanema, com a desculpa de vermos a lua cheia. "Jura, cara? Que merda é essa, caralho?", meu subconsciente me julgou e eu quase me encolhi enquanto corria com Bob. Certo, aquele estava muito longe de ser o meu estilo, mas eu sentia uma espécie de necessidade de estar ao lado de Camila em todo momento que podia. 

Ninguém podia me julgar, certo? 

Eu estava apenas sendo guiado pelo tesão e pela amizade que estávamos construindo. Comecei perceber que, ao lado de Camila, eu estava andando em uma corda bamba, fazendo e pensando em fazer coisas que eu jamais faria por mulher alguma. Qual era a porra do meu problema? A mulher vivia me dizendo não, a única brecha que abriu foi para uma amizade e, mesmo assim, ali estava eu, imaginando coisas e criando fantasias na minha mente. De verdade, eu precisava desapegar. 

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