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Depois de perguntar a Camila se ela gostava de comida oriental, resolvi levá-las a um restaurante japonês que eu adorava e que ficava bem perto do shopping onde havia sido a sessão de autógrafos. Por sorte, a fila de espera não estava tão grande e conseguimos uma mesa em menos de quinze minutos. 

Assim que nos acomodamos e fizemos os nossos pedidos, Giulia perguntou: 

— Então, como vocês se conheceram? Ainda é difícil acreditar que meu tio é amigo da minha autora preferida! 

— É difícil acreditar que eu possa ter amigos influentes e cultos? 

— Tio, convenhamos, seus amigos não são exatamente pessoas influentes, muito menos cultas. 

Camila riu e eu fiquei chocado com a audácia daquela pestinha. 

— O que a Camila vai pensar de mim, Giulia? Demonstre um pouco mais de respeito, por favor! — Fingi que estava bravo, mas as duas sabiam que era mentira, tanto que continuaram a rir da minha cara. 

— Cheguei para salvar o círculo de amizade do seu tio — Camila disse, bebendo um gole do vinho que o garçom havia nos servido minutos antes. — Bem, nós nos conhecemos no calçadão de Copacabana. Bob ficou de saco cheio dele e resolveu fugir, mas quando me viu correndo no calçadão, se apaixonou por mim e pulou no meu colo, me derrubando no chão... 

— Espera, não foi bem assim. — A interrompi. — Que história é essa de que o meu cachorro ficou de saco cheio de mim? Isso jamais aconteceria! Ele é louco por mim. 

— Não foi o que eu percebi quando ele pulou no meu colo como se estivesse pedindo socorro — Camila riu e Giulia olhou para ela com uma cara de besta, meio encantada. 

— Bob é um cachorro extremamente simpático, não é, Giulia? Ele faz esse tipo de coisa com todo mundo, não se engane. 

— Verdade, Bob é o cachorro mais doce que já conheci na vida, mas de bobo, não tem nada. Não acredito que ele te derrubou no chão, Camila — Giulia riu. — E o que aconteceu depois disso? Meu tio chato insistiu para pegar seu número de telefone? 

Arqueei uma sobrancelha para Giulia e ela riu um pouco mais. Pelo visto, ela acreditava ferrenhamente na minha fama de mulherengo e o pior, era que eu nem podia contestá-la. Era mesmo um mulherengo e jamais deixaria passar a oportunidade de ficar com uma mulher bonita. E a Camila não era apenas uma mulher bonita, ela era muito mais do que isso. 

— Bob quis me oferecer um jantar, mas eu recusei — Camila disse, tirando-me dos meus pensamentos. Foi melhor acordar mesmo, porque havia uma parte do meu corpo que estava querendo se intrometer onde não era chamada. 

Acomodei-me melhor na cadeira para tentar disfarçar o início da minha ereção. 

— Bob te ofereceu um jantar? — Giulia perguntou sem entender. 

— É lógico. Meu cachorro é educado e quis compensar a forma bruta com a qual abordou a Camila. Mas, infelizmente, Camila é muito boa em dizer não a convites e isso deixou o Bob meio para baixo. 

— Eu tinha um compromisso naquele dia, não podia aceitar, mas agradeci pelo convite — Camila disse, olhando para mim por cima da taça de vinho. Pelo sorrisinho no canto dos seus lábios, ela também estava se lembrando do convite que eu havia feito a ela na noite passada. Convite que ela recusou. 

Senti que Giulia queria saber mais sobre aquela história, mas o garçom chegou com os nossos pedidos bem a tempo de ela perguntar mais alguma coisa. Eu amava a minha sobrinha, isso era algo incontestável, mas ela era muito inteligente e tinha sacado desde o começo que o meu interesse na Camila não tinha nada a ver com os romances que ela escrevia — até porque, eu deixei isso bem claro quando a convidei para ir à sessão de autógrafos comigo. O problema era que eu não queria que ela ficasse fantasiando demais. Camila era sua autora favorita e eu, o seu tio. Eu já podia imaginar no que ela estaria pensando, colocando-nos como um casal, sonhando com o casamento e com os primos que poderíamos dar a ela. 

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