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Meus planos para o dia 25 consistiam em voltar para a casa da minha mãe e comer o que havia sobrado da ceia da noite anterior. Neste ano, no entanto, uma certa escritora mudou todos os meus planos. Camila até tentou me persuadir a ir para casa de mamma, já que saímos de lá às escondidas e sem nos despedirmos de ninguém, mas eu não queria me desgrudar dela. Podem me julgar à vontade, mas a única coisa que eu queria naquele momento, era passar o máximo de horas possíveis ao lado dela.

 A única coisa que fiz foi pedir para que Alexandre deixasse Bob na minha casa quando estivesse saindo da casa de mamma, o que ele fez no finalzinho da tarde. Camila e eu estávamos jogados no meu sofá depois de termos transado mais uma vez — eu simplesmente não conseguia tirar as mãos de cima dela —, quando Alexandre me mandou uma mensagem falando que estava em meu portão. 

Sabiamente, ele me pediu para ir lá fora, pois não queria entrar em casa e estragar o meu clima com Camila. 

— Consigo sentir o cheiro de sexo daqui. — Foi a primeira coisa que ele disse quando me viu. 

— Que bom, isso significa que todo o esforço que Camila e eu estamos fazendo desde ontem, está valendo a pena — falei, vendo Bob dar um pulo para fora do carro de Alexandre e vir em minha direção. 

A fantasia de Cão Noel devia ter ficado na casa de mamma, pois ele estava apenas com a sua coleira de couro. Abaixei-me para abraçá-lo e o garotão só faltou falar enquanto murmurava e me lambia balançando o rabo. 

— Eu sei, amigão, também senti a sua falta hoje. 

— Sentiu né, sei — Alexandre desdenhou me olhando com uma sobrancelha arqueada e um sorriso sorrateiro. 

— Para de ser idiota — ralhei, levantando-me. — Obrigado por ter trazido o Bob. 

— De nada, aliás, você esqueceu isso sob a árvore de Natal — disse ele, me dando um embrulho. — Está escrito Camila atrás. 

— Porra! Não acredito que esqueci o presente dela. 

— É o que acontece quando a cabeça de baixo fala mais alto do que a de cima — ele riu da minha cara e eu dei um soco de leve em seu braço. 

— Cai fora daqui, anda. Tenho uma linda mulher para presentear.

— Fala sério, Shawn, quando você pensou que, um dia, teria uma mulher para presentear no Natal? 

— Nunca — falei com sinceridade e isso me trouxe um aperto esquisito no peito. 

— Como dizem por aí, a vida é uma caixinha de surpresas — Alexandre disse, apertando meu ombro rapidamente antes de ir em direção ao carro. 

Ainda fiquei alguns segundos parado em frente ao meu portão, com Bob sentado ao meu lado, olhando o carro de Alexandre desaparecer. Suas palavras ficaram se repetindo em minha mente e aquele aperto estranho em meu peito pareceu aumentar um pouco mais. Não queria desperdiçar qualquer minuto da minha vida pensando em sentimentos, em destino ou qualquer uma dessas baboseiras, mas me vi ali, parado, refletindo sobre o fato de eu nunca ter me imaginado passando o Natal ao lado de outra pessoa que não fosse a minha família. 

Nunca me imaginei comprando um presente de Natal para uma mulher. Para uma mulher que era especial. Engoli em seco e olhei o embrulho pequeno em minha mão, pensando seriamente em jogar o presente no lixo para ver se aquele aperto também ia embora, mas logo resolvi ser racional. Comprei aquele presente unicamente porque a Camila disse que havia comprado algo para mim. E o fato de ela ser "especial" era apenas porque eu havia aberto mão de ter uma mulher diferente em minha cama a cada noite, para passar algum tempo transando apenas com ela. Isso não queria dizer nada demais. Não era como se, de repente, eu fosse me apaixonar. 

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