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Camila Cabello

Passei a noite quase toda acordada, ainda sem acreditar que Shawn estava no meu apartamento, deitado ao meu lado. Eu vinha sendo forte e lutando contra a vontade de lhe dar uma chance para podermos conversar, mas estava se tornando cada vez mais difícil não ceder. Suas mensagens apaixonadas, as flores que me enviava com cartões escritos à mão, as inúmeras ligações que eu não atendia, o fato de ele não desistir de vir ao condomínio mesmo sabendo que não poderia entrar, estavam minando as minhas forças e fazendo um caminho direto para o meu coração magoado. 

Depois que a raiva e o choque passaram, eu repassei tudo o que aconteceu em minha mente e parte de mim entendeu, de certa forma, o que havia acontecido. De primeira, eu realmente acreditei nas palavras de Shawn e pensei que havia me enganado, que ele não estava apaixonado, mas, depois que me acalmei e que ouvi a sua declaração do outro lado da porta do meu apartamento, eu percebi que seus gestos, sua dedicação para comigo, o modo como me tocava, me beijava e me olhava, não tinha como ser apenas desejo, tinha sentimento. O problema era que ele havia me machucado de verdade ao usar as palavras de Caio contra mim e isso era difícil de perdoar. 

Saber que ele estava sofrendo tanto — ou até mais, devido ao seu estado — quanto eu, não me dava prazer ou fazia com que eu me sentisse "vingada" de certa forma. O modo como o vi hoje, completamente bêbado, quase chorando, sentado no meio-fio com a Gata em seu colo e uma garrafa quase vazia de uísque em sua mão, fez o meu coração apertar. Ali eu vi que ele não estava exagerando quando dizia, por mensagem, que estava sofrendo e que não sabia como viver sem mim. 

Shawn sempre foi um homem alegre, responsável e autossuficiente. Nunca, em toda a minha vida, eu poderia imaginar que o encontraria em um estado tão deplorável. Ele não parecia com o homem que eu havia conhecido e aprendido a amar, mas quando me olhou daquele jeito cheio de amor e, mesmo soluçando, implorou para me mostrar a música, eu entendi que ele ainda era o mesmo homem. Ainda era o meu Shawn, só que estava tão culpado e machucado, que não sabia muito bem como lidar com a própria bagunça. 

Cochilei um pouco ao seu lado e despertei com o sol batendo no meu rosto. Ainda demorei alguns segundos para me situar, mas quando senti o cheiro de café, levantei assustada e olhei para o seu lado na cama. Ele não estava no quarto, mas aquele cheiro denunciava que ainda estava em meu apartamento. Fiquei alguns segundos sentada, sem saber ao certo que fazer. Deveria expulsá-lo? Ouvi-lo? Fingir que tinha um compromisso e fugir? Com o coração agitado, respirei fundo e me obriguei a me acalmar. Eu era uma mulher adulta, centrada, poderia dar a ele a chance de falar mais alguma coisa, se quisesse. 

Decidida, levantei da cama e fui ao banheiro para lavar o rosto e escovar os dentes antes de ir para a cozinha. A mesma música que Shawn havia me pedido para ouvir na noite anterior saía pelo alto-falante do seu celular, enquanto, só de cueca, ele fazia um ovo mexido em meu fogão. Foi difícil olhar para o seu corpo e não sentir o calor tomar conta de mim. 

Deus do céu, o homem não poderia ter pelo menos colocado uma calça? Ele estava jogando muito sujo ficando só de cueca boxer na minha cozinha. 

— Bom dia — saudei e ele se virou em um pulo. 

Sua expressão um tanto cansada denunciava a noite de bebedeira, mas isso era porque eu o conhecia muito bem. Quem não tinha ideia da verdadeira faceta de Shawn Mendes jamais iria imaginar que ele havia bebido uma garrafa de uísque na noite anterior. 

COMPANYDonde viven las historias. Descúbrelo ahora