0.4 insensível

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Mia Berner

- O que você pensa que está fazendo? - disse o homem moreno, que estava com uma expressão particular em seu rosto, se Mia se virasse provavelmente se assustaria.


- Examinando, você bateu nele com força demais - disse Mia - com certeza houve uma concussão.


O homem alto que havia perseguindo a loira perdeu a consciência depois de levar um chute em sua boca, aparentemente havia perdido um dente  e rasgado o canto dos lábios. 

Quanta força aquele homem um pouco mais alto que ela tinha nas pernas? E nos braços então, mal o soco havia sido dado no indivíduo a sua frente e ele caiu no chão. 

Assim que percebeu a gravidade da boca do desacordado, Mia rasgou a barra de seu vestido, o dobrando em pedaços para fazer uma sutura mais eficaz. O homem poderia ter uma infecção ou uma febre se continuasse assim. 


- Você tem noção de que ele...


- Eu sei o que ele estava fazendo - interrompeu Mia - mas uma enfermeira como eu não pode deixar uma pessoa sagrando assim, você escolhe as pessoas que salva também?


Sentiu seu rosto vermelho por levantar a voz, a loira ainda estava sem fôlego pelo o recente ocorrido, mas não podia deixar que um homem duvidasse de suas capacidades mentais assim. Por um momento só se ouviu o ofegar de Mia, o homem atrás dela parecia que nem respirava, como pode ser tão silencioso assim?


- Perdeu os argumentos e vai ficar calado agora? - disse a loira - Afinal, como chegou até aqui?


- Por que se surpreende assim? Alguma vez na vida já salvou a si mesma?


Mia se calou espantada com tal insulto, como ele ousa em meio a essa situação falar isto? No momento que abriu a boca para replica-lo sentiu uma mão em seu braço a forçando a andar. 

Ficou de pé e percebeu que suas pernas ainda tremiam, ainda estava em choque. Por que esse homem tão ríspido tinha que ser seu salvador? Um poste teria mais sentimentos.


- Senhor Levi, ele vai... - Mia percebeu o quão fraca sua voz saiu - Não podemos deixá-lo nesse beco.


- Por céus! Não tenho qualquer receio que ele morra. Não se morre de um chute, não um homem daquele tamanho. Além disso desde que ele fique por lá estará tudo bem, vou chamar os oficiais assim que levar você pro orfanato.


- Mas eu não moro no orfanato senhor, somente trabalho lá. E aliás, - interveio Mia soltando seu braço da mão do homem - não preciso da sua escolta, muito obrigada por tudo e boa noite.


- Vai andar pelas ruas de Trost a noite com o vestido rasgado em cima e em baixo, senhorita? 


Nesse momento Mia olhou para baixo e viu sua situação, seu rosto já vermelho transformou-se escarlate. Virou de costas para o soldado. Estava com parte do colo e metade das cochas expostas. Quis afundar no chão naquele momento e apenas se encolheu sem nada falar para o homem atrás de si.

A loira então sentiu um calor nos ombros, juntamente com um tanto de impacto. Ele havia jogado o casaco para ela.


- Se você se cobrir vai parar de parecer um rato assustado e andar? 


Nada, a não ser o seu respeito pelo o ato que fez a alguns momentos atrás, permitia a Mia guardar a sua mão de estapear o rosto daquele infeliz. Andou na frente, sentindo os passos de Levi em suas costas, mas não eram assustadores, como o do seu antigo seguidor, apesar de ser um homem bastante agressivo com as palavras, fazia a loira se sentir menos assustada.


- Não deveria andar por aí essa hora da noite sendo tão fraca. - opinou o soldado - E antes que fique vermelha e irritada novamente, não estou dizendo que a culpa é sua, estou apenas dizendo que esse acontecimento pode se repetir.


- Mais alguma opinião a dar sobre a minha vida, Capitão Levi? Parece bem animado para conselhos esta noite.


Ouviu o homem suspirar atrás de si, um objetivo completo ao menos.


- Como sabe o meu nome?


Mia engasgou e adivinhando nele uma certa ofensa, reprimiu os xingamentos em sua mente.


- Não há cidadão no distrito que não saiba seu nome senhor, - sorriu sarcasticamente - é uma honra ser escoltada por um capitão. 


- A senhorita pensa em desculpas impressionantemente rápido.


- Está enganado. Penso devagar demais até. E o senhor, capitão? Quantas donzelas indefesas salva durante a noite? Quantas não deve ter salvo só esse ano! - replicou Mia sarcasticamente, não sabia de onde vinha toda essa coragem. O homem atrás de si havia nocauteado uma pessoa com o triplo da sua massa corporal na sua frente, talvez fossem os insultos constantes que ele soltava cada vez que abria a boca que atiçaram o lado agressivo da loira.


- Considere-se então muito feliz, você é a única donzela indefesa que eu vejo em algum tempo.


Ignorando a outra ofensa que saiu da boca do oficial, Mia parou. Estava em frente a pequena república onde morava, a caminhada realmente não era longa, assim como tinha calculado enquanto estava no beco. O bar ao lado de sua casa estava peculiarmente vazio. Halpert não estava lá. Envergonhou-se internamente por ter chamado seu nome quando entrou em pânico, se perguntou se Levi a ouvira.


- Agradeço pela companhia senhor, mas aqui já é minha casa. - disse a loira - Posso perguntar novamente como conseguiu chegar a aquele lugar, não parece o tipo ser espaço que frequenta.


- Estava voltando do tal orfanato. - respondeu Levi - Tinha uma reunião com a quatro-olhos e ela havia dito que ia visitar a irmã do Moblit. Disseram que você não estava e então eu fui a caminho do meu quartel, você e aquele lixo estavam no caminho.


Mia curvou o seu dorso em agradecimento.


- Sou muito grata por sua aparição senhor, - disse Mia, ainda curvada - apesar da sua grosseria, estou salva por suas mãos. Obrigada.


Dito isso, Mia subiu as escadas e o oficial seguiu seu caminho sem nada dizer. Fechou a porta atrás de si e olhou para suas mãos. Tremiam, assim como suas pernas, além de sujas. Precisava imediatamente de um banho, não sentia nada além de nojo das partes que o homem alto a tocara. Assim que passou os dedos em seus ombros, percebeu o casaco de Levi sobre eles. 

Havia esquecido de devolver, e o capitão esquecido de requerer ele de volta.


- Homem desgraçado...




Comeback | levi ackermanOnde histórias criam vida. Descubra agora