Comeback | levi ackerman

23. não chore

Mia Berner

Depois de ouvir tais palavras, os olhos de Mia permaneceram fixos nos lábios do soldado. Tudo em volta parecia ter sumido para ela, incluindo o ar e as palavras. Como deveria responder a algo assim? Iria dizer que amava Halpert? Não. Não o amava. 

Apenas queria por um fim em suas incertezas e tudo que vinha de seu amigo de infância era extremamente esperado. Todos os seus sorrisos, irritações e até seus atos impensados, como o beijo de mais cedo, era completamente a cara dele.

Com Halpert, ela tinha certeza. Com Levi, tudo era imprevisível. Hora ele fugia dela, hora ele voltava e lhe confortava. Em um momento a beijava com paixão e no outro a tratava com extrema indiferença. Tudo era tão confuso quando se tratava do soldado que a fazia ficar tonta, a fazia querer um descanso. E talvez Halpert fosse esse descanso. Já ouviu várias histórias de pessoas que se apaixonaram depois do casamento. Com ela não seria diferente, seria?

- Pare de olhar para a minha boca, senhorita Berner - murmurou Levi. A loira fechou os olhos com força, apertando o lábio inferior entre os dentes. As suas mãos ainda permaneciam nas costas do homem a sua frente, assim como os braços dele permaneciam em sua cintura. Conseguia sentir a proximidade em que estavam pela respiração quente que lhe tocava a testa.

Alguns segundos se passaram para o homem finalmente continuar:

- Olhe para os meus olhos.

Ao levantar o olhar, sentiu seu coração errar a batida. O cabelo dividido de Levi repousava levemente bagunçado em sua cabeça. Os músculos rentes a sua mandíbula pareciam relaxados dessa vez, juntamente com seu olhar. 

A luz branca da lua realçava suas íris cinzas, acompanhadas pelas suas pupilas levemente dilatadas, as tornando tão brilhantes que não pareciam reais, imitando pequenas balas feitas de prata. A garota parecia prender a respiração.

- Eu não quero ser injusta senhor. - sussurrou Mia -  Por que isso o incomoda?

Levi pareceu se desligar. Com a cabeça baixa e os olhos fechados, Mia não conseguia o ler, não conseguia dizer o que estava pensando e mais uma vez o sentimento de incerteza a consumiu. Por que o queria tanto? Ele nem sequer respondeu a sua pergunta. Tudo nele era um repelente contra si e mesmo assim continuava insistindo. As mãos do homem amoleceram em sua cintura.

- Eu vou machucar você. - murmurou Levi, que logo levantou a cabeça olhando para qualquer lugar do quarto, menos para a garota a sua frente. - Você deveria parar de se preocupar com o que eu penso, é o melhor para você.

Os lábios de Mia curvaram-se em um sorriso esperançoso, quase que triste. Seus dedos apertaram a camisa de Levi em busca de consolo. Sua expressão era melancólica. 

- Seria mais fácil se eu ao menos conseguisse parar de pensar no senhor.

Levi arregalou seus olhos e pareceu ter se engasgado brevemente. Se levantou como se Mia tivesse o ferido, como se a pele dela fosse feita de fogo. Virou-se na direção da parede, como se quisesse evitá-la, como se fosse embora novamente. Seus ombros subiam e desciam pesadamente. Com as mãos nervosas, ia afagando os cabelos para frente e para trás, ele mesmo quebrou o silêncio.