Mia Berner
Desde o momento em que Mia entrou no salão de feridos, trabalhou sem pausa. Haviam fraturas diversas. Ossos quebrados, cortes próximos a infecção, contusões e luxações. Se perguntou que tipo de método estariam usando para treinar os cadetes. Eram aparentemente novatos, já que a última missão da tropa de exploração dizimou grande parte de seus integrantes, mas por que ser tão duro assim?
Os esparadrapos haviam acabado em seu colo, levantando-se iniciou um pequeno passeio com olhos pela sala. O garoto abaixo de si estava deitado a observando e corou assim que a loira voltou o olhar para ele novamente. A garota fez uma tentativa derradeira de chamar a atenção do jovem.
- O senhor conseguiria me dizer onde ficam os medicamentos aqui? A senhorita Hanji saiu e me deixou com pouca coisa.
O garoto ficou sem responder por alguns segundos, enquanto apenas admirava a visão em frente aos seus olhos. A mulher parecia ter uma figura elegante e o seu sorriso, mesmo sem mostrar os dentes, era encantador. Percebeu o quanto estava demorando e se embaraçou.
- S-Se a senhorita abrir a porta, terá uma sala com medicamentos no correndo a esquerda. - disse o jovem - Irei lhe mostrar o caminho.
O soldado começou a se levantar, mas antes Mia colocou a mão em seu peito e o deitou novamente.
- O seu estado de saúde impede-o de ir comigo, obrigada pelas instruções, consigo me virar sozinha.
A loira seguiu em direção a porta, e por um momento, sentiu um arrepio em sua espinha novamente. Disse para sua própria mente que o homem petulante não estava ali, estava começando a ficar difícil de trabalhar pensando que ele estaria a observando com aqueles olhos frios. E mesmo sem perceber, imaginava os olhos dele em sua mente.
Quando girou a maçaneta, sua mente a perguntou porque tanto pensava naquele soldado. Que tipo de impulso infantil a fazia voltar ao mesmo ponto, que era o olhar dele? Trancou a porta atrás de si e virou-se para a esquerda, tendo que tapar a própria boca para conter um grito. Tentou respirar funda e olhou com cuidado para o homem a sua frente.
- Não vejo qualquer explicação para o senhor inconvenientemente aparecer em todos os lugares sem aviso. - disse Mia ainda ofegando.
- Não vejo qualquer conveniência em explicar a você o porquê de estar no quartel da minha tropa. - disse calmamente o homem baixo a sua frente - O que faz fora do salão? Pretende roubar algo mais do que casacos?
- Nunca roubei casaco nenhum! - exclamou Mia - Nunca ouvi nada de tão detestável.
- Estou mentindo? - disse Levi - É tão petulante que veio aqui com meu casaco no braço.
- Eu vim aqui para devolve-lo a você. - respondeu ela - Temo que minhas intenções não correspondem ao caráter do dono do casaco. Deveria te-lo jogado pela janela.
Levi imediatamente abriu os olhos um pouco mais do que de costume, deu passos para frente e tudo o que o corpo da loira queria era dar passos para trás. Mas se manteve firme no lugar onde estava. Não iria mostrar o seu medo para aquele homem petulante de jeito nenhum.
- Parece que seus olhos vão pular para fora Berner. - interveio ele - Está assustada?
- Vaidade é uma fraqueza senhor Ackerman. Não se comece a achar que coloca medo em todos só porque bateu em um soldado bêbado.
- Você parecia estar com medo do soldado bêbado. - disse Levi. Estavam próximos ao ponto de Levi sentir a respiração descompassada de Mia. O olhar de Levi havia mudado, não parecia mais ser algo como desprezo, a loira sentia certa curiosidade no significado daquele olhar, entretanto seus pensamentos foram interrompidos por um grito de dor vindo da sala ao lado.
- Meus medos não são de seu interesse senhor Ackerman. Além disso, há pessoas que preciso cuidar. - disse Mia, desviando do homem a sua frente e seguindo até a porta que lhe foi indicada - E sobre o seu casaco, devolverei a senhorita Hanji assim que terminar meu trabalho.
Levi não respondeu, e mesmo se o fizesse a loira já havia fechado a porta da sala de medicamentos. A mulher respirou fundo na sala fechada e se arrependeu um pouco depois. Espirrou algumas vezes, devido a poeira que tinha acumulada no recinto. Sentiu os dedos das mãos pinicarem ao tocar nos potes de anti-inflamatório cheios de poeira. Deu graças pela caixa de esparadrapos e curativos serem bem vedadas.
Pegou tudo o que precisava e abriu a porta a sua frente. Ele não estava mais no corredor. Suspirou e voltou ao salão para continuar seus afazeres.
Terminado a maioria do trabalho, Mia se despediu de alguns soldados com um sorriso. O garoto que havia lhe indicado a sala de medicamento a perguntou se ela voltaria. A única resposta de Mia foram recomendações de descanso. Tinha que confessar que trabalhar com crianças tirava menos a sua energia do que lidar com adultos com lesões tão violentas.
Seu pensamento começou a voar para seu irmão. Provavelmente ele sofreu algo parecido em seu treinamento, mas sempre escondia todos os machucados. A melancolia começou a tomar conta de seus olhos enquanto andava pelos corredores ao lado de Hanji, que falava incessantemente. A voz dela parecia distante em meio a tudo isso, apenas fechou os olhos e seguiu os passos que ouvia. O dia não poderia ter sido mais cansativo.
Chegando no grande portão Mia se sentiu aliviada, mas assim que o mesmo se abriu. Um aberto agarrou seu peito. Já havia escurecido. E nenhum sinal do garoto que havia lhe prometido companhia mais cedo.
- Senhorita Hanji, - disse Mia apreensiva, estava tentando esconder seu medo - o senhor Kirstein ainda vai me acompanhar?
Hanji a olhou com carinho e abriu o sorriso de sempre. Parecia confiante e de um ar de quem achava toda essa situação engraçada.
- Sobre isso, - disse a morena - o Jean está sob punição desde de manhã, por isso estava guardando a porta quando você chegou. O Levi deu um aumento na punição dele pelo fato de ter saído de seu posto.
Os olhos de Mia passarem de medo para raiva. Como aquele homem se atreveu? Iria sozinha para casa por conta daquele soldado infantil. Quando estava a um passo de protestar contra a punição. Uma voz ecoou em meio as duas.
- Pode entrar quatro-olhos, eu levo a enfermeira.
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Comeback | levi ackerman
FanfictionMia Berner, irmã de Moblit Berner, oficial executivo do quarto esquadrão de investigação regido por Hanji Zoë, é enfermeira em um orfanato no distrito de Trost. Depois da última missão da tropa de exploração, Levi Ackerman vai de encontro à Mia...