– Oi? – respondi ao atender a chamada de Luan, meio sonolenta.
– Você não ia mesmo dizer nada? – perguntou, o tom de voz era entristecido.
– Me desculpe... Eu só precisava de uma folga.
– Eu entendo, Pixie, de verdade, porém ainda acho que poderia ter dito que iria usar sua folga pra visitar seus pais na Colômbia. Sentimos sua falta aqui – imaginei um sorriso leve e desanimado nele – Mas aproveite o tempo pra organizar as ideias. Espero que fique bem.
– Estou bem, Luan.
– Está falando com um bom observador, não se esqueça. Até mais, Pixie.
– Até mais, Luan.
Decidi ir até Colômbia de forma repentina, logo depois que instalamos o aplicativo que Luan criou no sistema do Fundom.
"Estava terminando de comer minha torrada com geleia de morango quando Luan bateu na porta. Becca foi atendê-lo e ele entrou afobado no apartamento com um sorriso de orelha a orelha. O sorriso de Luan era radiante.
– Pixie! – me chamou entrando na cozinha — Eu consegui criar um aplicativo que vai isolar o vírus no sistema por um tempo. Eu tentei programá-lo pra detonar o vírus, mas iria levar mais um tempo pra elaborar tudo certinho.
– Que incrível, Luan! Isso é ótimo, assim conseguimos mais um tempo pra pensar em algo que possa de fato destruir esse vírus – me levantei as pressas e peguei dois capacetes ao lado da porta, Luan me olhou curioso – Vamos, te dou uma carona até o Fundom. Precisamos instalar esse aplicativo urgentemente.
– Ah... De moto?
Percebi que ele tinha um medo sutil em seu olhar, e, pela primeira vez desde que decidi evitá‐lo, dei uma risada tão forte e sincera que nem me preocupei com o som de porquinho – eu começava a ter mais vergonha daquilo, minha hater estava roubando a segurança que demorei anos pra ter sobre minha risada.
Peguei na mão dele o puxando porta fora, descemos correndo as escadas, no estacionamento montei na moto e olhei pra ele com um sorriso, entre pequenas risadas.
– Você viaja por aí de avião e tem medo de moto?
– Todo mundo tem suas peculiaridades.
– Não posso discordar. Mas não precisa ter medo, eu sou muito prudente no trânsito. Pode confiar em mim.
E então ele subiu na moto, pôs o capacete e segurou firme em minha cintura, senti arrepios na espinha porém me mantive firme, o que foi exatamente difícil, Luan tão próximo a mim me deixava nervosa."
No fim daquele dia fui até a sala do meu chefe, disse que estava cansada e isso afetava meu trabalho, ele respondeu que poderia me dar 3 dias de folga apenas considerando que tinha pegado férias 5 meses antes. Então não hesitei em ir visitar meus pais, e quando cheguei senti meu coração pulsar de alegria com o sorriso dos meus pais e meu irmão ao me verem em carne e osso depois de um tempo considerável. Embora eu tenha decidido vê-los de maneira impulsiva, quando os vi tão felizes por minha chegada soube que eu realmente precisava dar um tempo da minha vida bagunçada na Argentina.
– Luan hein? – disse Samanta, não percebi que ela estava acordada.
– Ninguém ainda me explicou porquê está dormindo no meu quarto.
– Fui expulsa de casa, finalmente resolvi assumir minha sexualidade, e bom, fui expulsa – ela disse, como se fosse a coisa mais simples e fácil de lidar do mundo – Apesar disso está tudo bem, sabe? Eu não gostava muito de morar lá e ser comparada quase que o tempo todo com você.

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Game over
Roman d'amourPixie nunca disse a alguém seus medos e inseguranças, ninguém nunca a observou o bastante pra perceber que havia algo errado, e ela nunca quis que alguém se envolvesse na bagunça de sentimentos que estava se tornando. Até a chegada de Luan, um rapaz...