Luan
A primeira coisa que fiz quando acordei com meu despertador foi pegar meu console no criado mudo e jogar – era meu escape pra não pensar que Pixie e eu estávamos a 7.024km de distância.
Quando eu jogava já não era mais o Luan simpático e amigo de todos, era apenas o meu personagem: TheFera. E aquele game extraia toda minha competitividade, meu adversário também era competitivo, o que tornava nossa batalha ainda mais provocativa. E ele era bom, não podia negar, e insistente, insistia naquela guerra mesmo sabendo que seria derrotado. Como foi naquele manhã, era esperado.
Depois de um café da manhã reforçado com pão, ovos mexidos e achocolatado reuni o pouco de ânimo que ainda tinha e fui até a República Kunst.
– Chegou o mestre dos magos – disse Tiago quando me viu passar pela porta. Entrei na sala e me joguei na poltrona em sua frente, ele estava sentado no sofá, Ana em uma cadeira ao lado dele. Ambos me analisaram – Vejamos aqui que o mestre dos magos não está tão contente como de costume.
– Sabe o que é, Tiago? – perguntou Ana ao tirar os óculos e prendê-lo na blusa preta que usava – Eu soube, um passarinho verde me disse na verdade, que uma moça chamada Pixie está passando uns dias fora.
– Ah, então agora tudo está explicado. Muito obrigada, Ana – eles riram e eu os olhei de canto, sério – Não fique assim, amigo, ela vai voltar.
Tiago era meu melhor amigo desde que eu me entendia por gente, ele sempre esteve por dentro dos meus comentários sobre qualquer cidade que eu estivesse no momento, e eu sempre estive por dentro do romance dele com Ana – que por um tempo só existiu na cabeça dele, porém, quando comecei a frequentar a República, notei que Ana o olhava de forma diferente. Aos 14 anos, quando morava no Brasil, eu ajudava Tiago a sair escondido pra dar o primeiro beijo na garota dos seus sonhos, tempos depois o consolava por ter sido trocado injustamente pela mesma. Éramos parceiros de anos.
– Eu só não consigo parar de pensar nela – declarei com angústia, gostaria de ter dito isso a Pixie, não queria ter que esperar mais pra dizer, porém também não podia dizer por chamada ou mensagem, de qualquer forma teria que esperar – Eu estou com saudade.
– Uau, Luan, você gosta mesmo dela.
– Eu não gosto, eu a amo.
Pixie mexeu comigo desde o primeiro momento, e eu jamais tentei negar ou esconder o que eu sentia, mesmo que eu ficasse nervoso – sabia ser bem discreto – esconder nunca foi uma opção. E, a cada abertura que eu tinha para conhecê-la, me encantava ainda mais pela pessoa dela. Tinha minhas intuições sobre Pixie sentir algo por mim, porém não podia simplesmente perguntar, queria que ela se sentisse segura e confortável a dizer o que sentia. Podia estar inquieto e ansioso, mas esperar que ela se sentisse segura a se entregar era minha prioridade.
Tiago fingiu estar espantado e contou a Ana – como se eu não estivesse presente – sobre a última vez que me apaixonei, que foi por uma italiana loira e bem mais alta que eu. Jurei que ela fosse a garota que eu havia sonhado por uns 2 dias, e descartei essa possibilidade quando ela me esnobou antes mesmo de eu dizer um "oi". Raros momentos que minha intuição falhava.
– Que audácia a dela dispensar o mestre dos magos, não? – disse Ana, com um tom brincalhão na voz.
– Ah, não tem problema, conheci a garota mais incrível desse mundo.
– Ai, Luan, é tão bonito a forma que fala sobre ela, seus olhos ficam iluminados como estrelas – disse Ana – Me emociona vê-lo assim tão apaixonado e entregue ao amor, e me deixa feliz como isso te faz bem. Espero de verdade que consigam ficar juntos logo.

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Game over
RomansaPixie nunca disse a alguém seus medos e inseguranças, ninguém nunca a observou o bastante pra perceber que havia algo errado, e ela nunca quis que alguém se envolvesse na bagunça de sentimentos que estava se tornando. Até a chegada de Luan, um rapaz...