Capítulo 4

639 53 64
                                        


- Vocês não podem me tirar as barrinhas de cereais, isso é muito injusto - Tina choramigou, os braços cruzados e o rosto emburrado feito uma criança de 6 anos - Poxa, eu preciso das minhas barrinhas pra sobreviver.

- Valentina, você comeu uma caixa de barrinha de cereal em uma semana, o que deveria ter durado um mês! - eu disse, enquanto empurrava o carrinho de compras na seção dos laticínios - Você vai ficar sem barrinha de cereal esse mês.

Tina olhou pra Becca com uma cara de cachorro que caiu da mudança.

- Pixie está certa, Tina. Vai ser o seu castigo pela má disciplina.

- Ai, até quando vou ser reprimida assim.

Demos risada dela. Além de Tina, Valentina tinha um outro apelido: rainha do drama.

Fazer compras com as garotas era pra mim uma das coisas mais legais e divertidas que fazíamos, isso se não contasse a parte que Becca e Tina "discutiam" sobre qual a melhor fragrância do alvejante - na verdade era até engraçado essa parte, mas as vezes elas levavam a sério demais.

Nos separamos um pouco: Tina foi até a seção dos biscoitos; Becca na de limpeza; e eu na seção do hortifrut. Escolhia algumas maçãs pra colocar no carrinho quando olhei de relance pra minha esquerda e vi uma silhueta masculina familiar. Pensei em me aproximar, porém senti meu corpo formigar completamente de nervosismo, e então ele se virou e sorriu se aproximando - provavelmente sentiu meu olhar queimar suas costas.

- Você está mesmo em todos os lugares, não é? - perguntei sem jeito.

- Na verdade não, mas se você estiver com certeza vou querer estar - sorriu de forma galante - Você está fascinante, Pixie.

- Hã... Ah... O-obrigada, mas é só impressão sua - coçei a nuca.

- Você sabe que sou um rapaz extremamente observador, certo? - fiz que sim com um aceno de cabeça - Então sinto ter que discordar de você, mas não é só impressão: você realmente está fascinante. Como todos os dias, claro.

- Puxa... E-eu tenho que ir agora... Até mais, Luan.

- Até mais, Pixie.

Me virei e dei um sorrisinho. 10 minutos depois me encontrei com as meninas no caixa, passamos as compras, pagamos e fomos para o carro, Becca dirigiu até o apartamento.

Depois de subir com as sacolas, as duas se sentaram no sofá e me encararam de um jeito estranho.

- O que foi?

- Quando ia nos contar que está tendo um lance com o vizinho gato? - perguntou Becca, rápida como uma flecha - Não adianta negar, vimos vocês hoje no mercado. E nem vou mencionar o meu sentimento de traição por não ter nos contado. Mas, vocês já se beijaram?

- Quê?! Maluca, não! E também não estamos tendo nada, ele só vai ao Fundom as vezes e a gente conversa, como amigos, nada demais. É só uma amizade comum, ok?

- Sei - disse Tina com o tom de voz carregado de desconfiança - Eu não chamaria apenas de "amigo comum" - fez sinal de aspas com os dedos -, um cara que me olhasse da forma que ele te olhou. Sério, os olhos pareciam estrelas, e o sorriso... Ah, Pixie, ele não está nem caidinho por você, ele está literalmente tendo um penhasco por você.

- Uau, você foi ainda mais exagerada que as meninas do Fundom.

- Ah, então as meninas do Fundom podem saber e nós que dividimos o mesmo apartamento com você não podemos?

- Pode parar com o drama, Becca. Parece que está escrito na testa dele, elas descobriram sozinhas.

- Está escrito com todas as letras e em negrito - completou ela.

Game over Onde histórias criam vida. Descubra agora