Capitulo Um

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ALIRA CAIRU

4 dias atrás

—NÃO! Solta minha mãe seu monstro, solta a MINHA MÃE! — dou um grito desesperada ao ver aquele homem batendo nela, braços pesados e fortes me segurando não deixando eu ir ajudar.

— Isso é pela dívida do seu marido, aquele verme que eu mandei matar mas ainda ficou me devendo muito dinheiro sua vadia - aquele homem grita para minha mãe, e eu olho para seu rosto já com o sangue da surra e a sua expressão confusa e assim como não entende, eu também não.

Eu encontrei meu pai morto na beira do rio uns meses atrás, a lembrança ainda machuca o meu coração. Meu pai era um homem bom, não nos deixava faltar nada, ganhava a vida como pescador.

— Nos não temos dinheiro, por favor moço, levem tudo mas não façam nada com os meus filhos — minha mãe súplica.

Meus irmãos estão escondidos na mata e eu olho a cena porque jamais deixaria minha mãe sozinha. O homem grita de raiva e da um chute na parede de madeira e ela se parte, encosta suas duas mãos mesa, abaixa a cabeça como se pensasse e vira lentamente colocando os olhos sobre mim.

—Nos vamos te levar indiazinha, meus clientes vão te adorar. Um diamante não lapidado escondido no meio da Amazônia — olha pra mim com um sorriso diabólico e eu entro em desespero, assim como minha mae.

—Não, pelo amor de Deus, minha filha n... — ele da um soco nela sem antes deixar ela terminar de falar, abro a boca para gritar mas sinto um pano sendo encostado no meu nariz e o cheiro forte me fazendo perder os sentidos aos poucos.

3 dias atrás

Acordo num sobressalto com a água jogada em meu rosto, ainda confusa mas ciente do que estava acontecendo.

—Levanta indiazinha, seu pior pesadelo começou — o homem de hoje de manhã, ou não sei quando foi, não sei nem que dia é hoje ou onde estou, ele se aproxima pega um mecha do meu cabelo e eu me retraio — Sabe, com certeza vou ganhar muito mais dinheiro do que seu pai me devia com você — Cuspo na cara dele.

—Não toque em mim seu escroto — sou calada com um tapa na cara.

—Nao brinque comigo sua caboca de merda, ou sua mãe e seus irmãos irão sofrer as consequências — meu coração dói e eu cedo.

— Não toque neles por favor! O que quer de mim, porque me trouxe aqui, onde eu estou? — eu preciso de resposta , eu preciso da um jeito de sair daqui.

— Primeiro menina, eu faço as perguntas aqui ok? Então vamos começar, me diga seu nome Índia. — já com a resposta atravessada na ponta da língua mas penso na minha família.

— Alira Cairu.

— Nome bonito Alira. Vou responder algumas das suas perguntas — ele começa — Seu pai trabalhou pra mim durante 20 anos, tráfico de garotas para leilões, rede de prostituições e entre outras coisas — Arregalo o olho não acreditando no que aquele homem está inventando sobre meu pai.

— Eu não acredito em você, meu pai jamais faria algo assim.

— Ah indiazinha, você é ingênua, achava mesmo que seu pai era pescador ? — da uma risada em humor algum — A questão é, seu pai me roubou e logo depois se mandou pro meio do mato onde vocês moravam, e quando descobriu aonde ele estava, eu o matei. Acontece Alira, que você vai pagar cada centavo com juros do que seu pai me roubou.

— Como eu irei fazer isso? — pergunto confusa.

— Seja bem vinda a cidade grande Alira Cairu, bem vinda a minha rede de prostituição — e assim antes de falar alguma coisa um soco no meu rosto me faz desmaiar.

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