Capítulo oito
Estamos voltando para a cidade fico e ali lembrando que perdi quase toda minha família, meu coração dói e meus olhos se enchem de lágrimas, minha vontade é surtar e nem viver mais, porém olho para o rapazinho na minha frente e encontro nele a força que eu preciso, é por ele que eu vou para um país desconhecido, é por ele que eu vou lutar e fazer do seu futuro brilhante, não consigo nem imaginar a sua dor em ver nossa mãe e sua irmã gêmea morrer.
Sentada durante um bom tempo, admirando as pequenas ondas que se quebram no rio, ouço os pássaros chamando os companheiros enquanto se preparam para a noite que está por vim, o vento penteam meus cabelos negros, fecho os olhos e sinto o poder que o sol, a água e o ar tem sobre mim, vou senti falta da pureza da natureza,mas preciso ir, porem faço uma promessa pra mim mesma que por onde eu passar vou lembrar e deixar uma marca de onde eu vim. Hugo vem na minha direção e diz:
- Tudo aqui é lindo, deve ter sido incrível ter crescido aqui. -olho para ele encantada com a sua beleza e seu jeito doce e único.
- Sim, foi, tá doendo tanto deixar tudo isso para trás. Apesar de todas as dificuldades, meus pais sempre faziam de tudo por mim e pelos meus irmãos — a lembrança vem com força e eu abaixo a cabeça e começo a chorar.
Ele se aproxima e pega meu queixo e levanta meu rosto até que eu esteja olhando para o céu que mora em seus olhos, meu coração acelera e a paz que ele me transmite faz eu me acalmar aos poucos.
- Você não precisa deixar para trás, você vai representar suas origens pelo mundo, vai poder lutar pelo seu povo. Você é forte e eu admiro isso em você. Eu só quero te da a oportunidade Alira, porque eu confio em você e eu vejo futuro incrível para você e seu irmao.
Ele pega nos meus ombros e me vira para observar a paisagem, fecho os olhos e deixo os últimos acontecimentos correrem pela minha cabeça.
- Você me faz querer voar — digo a ele, minha respiração dessa quando sinto seu rosto descansar em meu ombro e sua mão descer pelos meus braços, pegando em minha mão e abrindo como se eu fosse um pássaro.
- Então voe Alira. — ele diz me dando um beijinho no pescoço que me arrepia.
Nosso momento é quebrado com o meu irmão me chamando, peço desculpas a Hugo e vou até ele. Conversamos um pouco, contei todos os planos, meu menino tão crescido desconfiou por um breve momento mas no final concordou e também achou melhor dessa forma.
— Eu quero estudar e ser um advogado. — olho para com um sorriso.
— Advogado, onde você viu isso? Sabe o que é ? — pergunto, ele balança a cabeça negativamente.
— Eu não sei o que é, mas li em um livro na aldeia e achei legal o nome, então quero ser isso aí a dona Jacira me falou que eu só vou ser depois de estudar muito. — ele menciona o nome da professora da aldeia e eu fico triste em não ter me despedido de todos, eles iriam me julgar e me amaldiçoar se tivessem visto eu ir embora com um homem, principalmente desconhecida, eu não estava com cabeça para mais problemas e decidir melhor assim, vou um dia voltar para ver todos.
Chegamos no Porto e eu vou no carro com
Hugo e meu irmão, Kayke olho pela janela admirado com os prédios enormes que tem na cidade, ele me olha com um sorriso no rosto e eu olho para Hugo e vejo ele sorrindo também.— É assim que sempre quero ver vocês dois, sorrindo e felizes. — ele diz e eu mais uma vez agradeço.
Chegamos no hotel e apesar de toda a tristeza que eu passei observo meu irmão feliz olhando pra tudo, empolgado e um pontinho de esperança surge em meu coração.
— Alira, vou sair para resolver umas situações. Você descansa que amanhã o dia vai ser longe, vou providenciar o documento de vocês dois para a viagem, temos que comprar roupa para o seu irmão e para você. E nem precisa agradecer. — diz e eu acho graça porque já estava abrindo a boca para falar obrigada. — Descanse principessa. — me da um beijo na testa, se vira indo embora.
Vou para o quarto pro meu irmão, e já em cima da cama encontro pares de roupa para ele e para mim, depois dele já está tomado banho, ter se alimentado e já está na cama dormindo eu vou para o banheiro e lá desabo, soluço de tanto chorar e peço para Deus forças, eu tenho que cuidar do meu irmão e não importa o que faça, ele vai ter um futuro melhor.
Deito do lado da única pessoa que me resta nesse mundo e percebo o quanto estou cansada, fecho os olhos e durmo. Acordo com alguns sussurros vindo do corredor do quarto, saio da cama e devagar vou ouvir atrás da porta e reconheço a voz de Hugo e Átila falando em outra língua, até que falam em português:
— Fale com ela amanha cara, são 23:30 da noite, ela deve está dormindo e olha o seu estado — ao ouvir Átila falando isso abro a porta e levo a mão a boca para não gritar, vejo Hugo com o olho roxo e o as roupas cobertas de sangue, o desespero toma conta de mim.
— Hugo, o que aconteceu? Você está bem? Pelo amor de Deus, me diga que está por favor. — digo baixo e fecho a porta atrás de mim.
— Calma bambina, eu estou bem. Se você acha que eu to horrível é porque não viu o outro cara — ele diz dando um sorrisinho e eu faço uma carranca.
— Hugo, o que aconteceu? Você brigou com o Kostas? — ele me olha e sorri, só aproxima de mim e olho nos meus olhos.
— Tudo o que ele fez pra você, está vingado minha flor de jambu. Eu prometi pra você, e cumpri.
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Flor de Jambu
Romance** FLOR DE JAMBU ** Prazer, dono da COSMETIC BIACHI, meu nome? Hugo Biachi. Minha empresa de cosméticos que herdei de meus pais é uma das maiores do mundo, a maior da Itália. Comando meu império de perto e acompanho tudo nos mínimos detalhes. Meus...