Capitulo Dez

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Alira Cairu

Observo a cidade da varanda do hotel e deixo a brisa da manhã me invadir o sol esquentar meu corpo que anda frio e abalado, começo a refletir tudo o que a moça do fórum falou, as oportunidades que perdi, meus direitos como cidadã e o pior que tudo por conta de meu próprio meu pai, meu coração dói ao sentir um pouco de rancor dele e tudo o que eu pense não me faz sentir pena ou remorso. Tiramos os documentos meu e de Kayke, demos entradas as papeladas da adoção mas é coisa simples como sou a única parente viva dele, o nó na minha garganta se forma ao lembrar disso mas o motivo pelo qual estou lutando vem para o meu lado e me da um sorriso.

— Alira — Kayke me chama, olho para ele tentando disfarçar a agonia — Eu estou feliz, mesmo tendo saudades da mamãe e da Kaile, eu acho que podemos ter um futuro muito bom. — o observo intrigada, meu menino de 11 anos falando tão maduro, mas algo me desperta.

— Eu fico feliz que tu esteja melhor, e esteja aceitando as mudanças rapidamente. Tudo o que eu vou fazer a partir de hoje é pelo seu futuro, quero te ver ser bem sucedido, vou trabalhar cada dia da minha vida pra pagar uma escola boa e te dar tudo do bom e do melhor meu amor. — digo ajoelhando e dando um beijo em sua bochecha.

— Alira, e tu? E o teu futuro? — ele me olha meio tristonho.

— Eu me preocupo mais contigo.

— Mas tu tem que se preocupar contigo também, tu é a mulher mais linda que eu já vi na minha vida, parece aquelas modelos das fotos que a gente viu na frente dos prédios pela cidade. Tu poderia ser uma — acho graça, e balaço a cabeça.

— Vou ser o que for pra te dar o mundo meu irmão, sempre.

— Tá Alira, não vou discutir contigo porque tu é teimosa, mamãe sempre dizia — ele diz e eu sorrio — Mas também não vou me preocupar, o Batman vai cuidar da gente. Ele gosta de ti — olho pra ele curiosa.

— Quem Kayke?

— O Batman, o homem que ajudou a gente. Ele parece o Batman, eu vi na tv ontem e ele é muito parecido, até a voz e até agora não vimos o Batman e ele no mesmo lugar. — acho graça não fazendo a mínima ideia de quem ele tá falando.

— O nome dele é Hugo, e não compare os outros é feio. E o Hugo é somente um amigo Kayke, não pense coisas desse tipo. Você é o único homem da minha vida. E vá se arrumar que nós já vamos embora — digo sincera e ele me olha desconfiado.

— Tudo bem, vou fingir que acredito. — ele diz e sai andando para o quarto mas eu o detenho.

— Kayke — ele se vira — Porque quando disse que estava com saudade não falou do papai ?

— Eu ouvi tudo o que você falou enquanto dormia, e perguntei ao amigo do Bat... Hugo, e eu entendi tudo o que o papai fez e não foi legal, mamãe estaria viva se não fosse por ele e não tem sentido eu sentir falta de alguém que só nos fez mal.

Fico um tempo estática pelo o que Kayke me falou, não o culpo mas também me dói ao pensar e tudo. Sou interrompida com Átila nos chamando para irmos, o observo andando na minha frente e não nego o quanto Átila é bonito, a pele negra, o corpo forte e o sorriso incrível que esse homem tem e por hora entendo porque as mulheres o olham como se fosse um pedaço de carne.

Chegando em nosso destino me deparo com um grande coisa branca na minha frente, fico olhando e começo a suar frio ao pensar em entrar nesse negócio.

- Eai principessa, pronta pra entrar no avião ? — diz Átila e pelo seu sorriso ele percebeu que estou nervosa. Olho para Hugo assustada e dou passo para trás.

—  Eu não vou entrar nessa coisa não. — digo decidida.

- Alira vai ser muito legal, e além disso o Batman está com a gente nada irá nos acontecer. — Kayke diz super empolgado.

— Batman? — Hugo olha confuso.

— Ah, brincadeira de criança — digo nervosa e olhando feio para o Kayke.

- Atila, pode ir entrando com Kayke — ele diz e desespero.

— Kayke fique aqui, não vá para perto dessa coisa. Hugo, isso é muito perigoso e não podem... — ele me interrompe.

— Bambina, fique calma. Avião é o transporte mais seguro do mundo, e fora que eu e a Átila viemos para cá nele.

— Nu...nunca vou entrar ai desculpa — viro e saio correndo, olho para trás e vejo Hugo vindo até mim, Átila e Kayke rindo da situação.

— Opa opa, pra onde essa fujona vai? — Ele diz pegando meu braço suavemente e percebo que quer rir.

— Hugo, não quero ser grossa e nem mal agradecida mas eu e Kayke não iremos. Nessa coisa eu não entro, só se fosse carregada. — Digo debochando e cruzando os braços.

- Tudo bem, já que você pediu — antes que desse tempo de eu raciocinar alguma coisa Hugo me pega pelas pernas e me joga em seu ombro como se eu fosse um saco de batatas.
— HUGO NÃO — grito — HUGO ME SOLTA, ESSE NEGÓCIO VAI CAIR E NOS IREMOS MORRER EU NÃO VOU ENTRAR — digo dando soquinhos na sua costa.

— Alira seu positividade me encanta, depois dessa até eu fiquei com medo de entrar — ele diz rindo e andando calmamente comigo no ombro. Ele chega próximo ao outros e me põe no chão e me olha.

— Só quero que saiba que eu nunca faria algo para colocar você e seu irmão em risco — olha dentro dos meus olhos, eu sei ele não está mentindo.

Respiro fundo e penso  no que ele disse, lembro  na alegria no rosto do Kayke, fecho os olhos respiro fundo e concordo.

- Tá  bem, tudo bem, vamos. —digo com frio na barriga. Kayke pula de alegria e entra para o avião com Átila, o frio na barriga volta e olho para Hugo pensando em um plano rápido para fugir mas ele percebe.

- Entao tá — diz Hugo e então ele se curva e me colocar novamente em seu ombro.

- AAAH HUGO NAAAO — ele dá risadas se divertindo com meu escândalo.

Entrando no avião vejo de cabeça pra baixo Atila  nos observando, olhando para minha situação nos ombros do Hugo.

— Tá  olhando o que? — pergunta Hugo me colocando no chão, e olhando sério para seu amigo.

— Nada não, apenas olhando algumas coisas para relaxar — diz Atila sorrindo.

- Vem Alira pode se sentar do lado do seu irmão ou no meu. —  diz Hugo.

— Senta aqui do meu lado principessa — diz Átila com um sorrisinho presunçoso.

— Vai se foder Átila — Hugo fala alto e eu arregalo os olhos, ele olha para cima para vê se Kayke ouviu mas está em outra cadeira com algo no ouvido e com uma tela mao, Átila da uma gargalha e Hugo me pede desculpas.

— Fico com você Hugo. — Hugo apenas assente e vai andando para a poltrona, sentamos e ele ajuda a colocar o cinto, fico nervosa quando ele se curva para meu lado prendendo o cinto, seu rosto está com uma pressão de raiva mas me distraio ao sentir cheiro, e penso na vontade que tenho de cheirar seu pescoço.

Seus olhos se levantam calmamente e sua carranca se desfaz, e como se ele percebesse o que queria engole seco e se afasta.

— Está bem presa agora. — diz dando um sorriso meio envergonhado.

- Obrigada — é só o que consigo falar, ele me deixa com uma confusão de emoções.
Ele se senta novamente ao meu lado e prende seu cinto também.

— Atenção estamos decolando peço que fiquei sentados até quando aeronave estiver   instável — Diz uma voz que ecoa no avião todo, o avião sai com um tremor de leve, os zumbido encomodam meus ouvidos, fecho meus olhos forte,  e respiro fundo, logo em seguida sinto a mão de Hugo na minha, ele entrelaça seus dedos aos meus, sua mão é quente me sinto um pouco mais tranquila
agora, é incrível como ele consegue me deixar calma mesmo sem dizer uma palavra.

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