Flor de Jambu

Prólogo

Prólogo 

HUGO BIACHI

     14 anos atrás ..

Acordo-me e logo sinto a dor invadir meu corpo, fleches da noite passada passam pela minha mente 
" são 02h da manhã quando meu pai chega em casa drogado, quebrando, gritando quando acordei ouvindo tudo isso eu já sabia o que me esperava, a primeira surra foi com 4 anos quando eu fiz birra em frente dos convidados dele, me queimou com o cigarro e me bateu com o cinto até criarem marcas inchadas na minha pele. Me assusto com a porta se abrindo em um estrondo e me recolho para o que vem a seguir:

- Bora moleque, se levanta seu viadinho - meu "pai" olha com tom de deboche e acha graça - Mas é um merda mesmo, em plena sexta feira tu em casa lendo porra de livro, sai vai comer uma puta igual como eu tava fazendo. - Não respondo absolutamente nada, são tantos anos de ofensa que meu subconsciente já se acostumou.

- Eu vou te da uma lição pra ti ensinar a virar homem - O poderoso Lorenzo parte pra cima de mim, me jogando contra a mesa de vidra do meu quarto, fazendo-a partir em mil pedaços e acerta o primeiro soco, e assim são varios socos e chutes até ele cansar. Ele se levanta e vai ao caminho da porta mas antes se vira e diz.

-Se eu fosse tu, pediria a Deus para ser igual eu.
-Drogado, covarde e um merda ? - abro a boca para responder e já me arrependo quando ele volta pra cima de mim, por muitos anos tentei lutar mas é inútil aos meus 17 anos peso 56kg, o pânico tomou conta de mim quando ouvi barulho de vidro do meu lado e sua mão se aproximando da minha boca cheia de cacos. Arregalo os olhos e em um pedido de silêncio eu imploro que não.

-Isso é pra aprender a nunca mais me responder, tu nunca chegará aos meus pés, eu sou invencível - e assim coloca os cacos de vidro dentro da minha boca várias sensações diferentes de dor eu experimento mas somente quando ele vai embora eu ouso chorar e tentar me mexer, a minha boca e entre outras partes do meu corpo sangram e eu urro de dor. A porta do meu quarto se abre e minha mãe entra um pouco, eu só queria poder abraçá-la e ela me tirar daqui mas sei que jamais irá acontecer.

-Hugo, chore mais baixe e não faça escândalos não queremos que outras pessoas saibam o filho problemático que tive - e assim vai embora e eu desmaio dor "

Preciso me levantar, preciso tomar algum remédio, faltam apenas 3 dias para eu completar 18 anos e serei livro desse inferno. Com muito esforço vou me arrastando até o meu celular para pedir delivery de uma farmácia quando pego o celular vejo a mensagem  de Gutierrez, advogado do meu pai.

      -Hugo seus pais sofreram um acidente de carro, eles não resistiram, eu sinto muito.

E foi ali que eu sorri mesmo com dor pela primeira vez em 15 anos, foi ali que pude ver um futuro pra mim e foi ali que fechei meus olhos e dormi em paz.