Prólogo

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Em parceria com  Livia, sonsarinar.


Balada Mynt Lounge

Um copo de vidro deslizou sobre o balcão, um guardanapo branco embaixo impedindo que a água que juntava ao redor molhasse a pedra. Aquilo indicava o quão fria estava aquela bebida antes, se chocando com o calor da balada.

— Isso é para você — anunciou a barmen, parando a encomenda na frente de Joel.

Ele analisou o copo, se questionando quando havia pedido uma bebida — se lembrava bem de não ter pedido nada além de água até então. Olhou para os lados, procurando algum indício na multidão, ou no bar a sua volta, de quem havia lhe mandado aquilo.

— Hm, obrigado?! — Pegando o copo, ele o levou para perto do rosto, sentindo um cheiro adocicado por cima de um leve odor de álcool. — Mas não fui eu quem pediu.

— Eu sei — ela respondeu, se divertindo, enquanto passava um pano pela bancada interna. — Está há quase uma hora aqui e a coisa mais forte que pediu foi uma água com gás e limão.

Ele queria se defender, dizer que ela estava errada. Só que não estava. Joel não saiu de casa com vontade alguma de realmente sair, e só chegou até a balada repetindo para si que iria embora o quanto antes. Podia inventar uma dor de cabeça e fugir em um Uber, duvidava que os amigos fossem notar ou se importar — a maioria já começava a sofrer com efeitos do álcool.

— Obrigado — falou novamente, erguendo o copo em um cumprimento e tomando um gole. O sabor era semelhante ao cheiro, adocicado, que ele identificou ser abacaxi, e um leve toque de alguma bebida alcoólica — não tinha o paladar avançado para diferenciar esse tipo de coisa. — Imagino que não posso te pagar um drink durante o serviço, certo?

— Certo — confirmou, sorrindo. Ela usava roupas pretas e um avental branco, que continuava limpo, com apenas manchas de água. Claro, porque ela trabalha em um bar e sem duvidas só se suja com líquidos.

Joel quase riu do pensamento, negando com a cabeça enquanto dava outro gole na bebida.

— Posso te pagar uma água então? — sugeriu, e ela o encarou com olhos pensativos e divertidos.

— Ok, uma água pode.

Ele estendeu o pulso, mostrando o número impresso na pulseira neon. Ela digitou no painel atrás do balcão e puxou uma água do frízer ao lado.

Joel abaixou os olhos, lendo a pequena placa colada ao avental:

Tekila.

— Qual o seu nome? — ela perguntou, apoiando as mãos no balcão e encarando Joel.

Sorrindo e pigarreando, ele se envergonhou por ela ter notado que havia lido seu nome.

— Joel — respondeu.

O drink havia acabado, e após repousar o copo no balcão, as mãos ágeis de Tekila o pegaram, limpando qualquer resquício de água escorrida para trás.

A pergunta que ele iria fazer morreu na ponta da língua, quando mais pessoas chegaram ao bar. Tekila se dirigiu a eles, atendendo aos pedidos com graça e eficiência. Ela parecia se divertir, sorrindo para os clientes da balada de forma educada e simpática, com os cabelos pretos presos balançando.

Quando o bar esvaziou outra vez, ela passou novamente o pano por toda a área que deveria ser a responsável, os braços se movendo de forma rápida e os olhos focados na tarefa que não levou nem um minuto. Ao terminar, voltou sua atenção para Joel outra vez.

TekilaOnde histórias criam vida. Descubra agora