Dose 29: Um viciado.

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Levou dois dias para Tekila perceber que tinha deixado seu fone de ouvido e blusa de frio no meu apartamento. Ok, o fone dela e a blusa de frio minha. Aquele moletom rosa que já tinha rodado pelo guarda roupa dos meninos da banda agora rodava pela cidade com Tekila.

Ela apareceu nove da manhã, logo após minha mãe ter saído. É claro que ela tinha me mandado mensagem antes só para ter certeza de que eu estaria sozinho.

Nos dois dias que se passaram ela não me mandou uma mensagem sequer, nem mesmo ligou, como disse que faria.

Abri a porta, pronto para devolver todo o gelo que ela tinha me dado nos últimos dias. Ela estava parada ali, usando um vestido branco solto, com mangas finas que cobriam os braços e as mãos.

— Oi, estranho — falou baixinho, cobrindo a boca e me olhando. Os olhos azuis dela pareciam como o oceano em um dia ensolarado.

Ela parecia tão... pequena. Eu sempre me esquecia de como Tekila é delicada, baixinha perto de mim.

Dei um passo para trás, abrindo espaço para ela entrar.

—Está bravo comigo? — perguntou, se virando para mim após eu fechar a porta. Me encostei nela e cruzei os braços.

Se eu estava bravo com ela? Bem...

— Por que você sempre foge?

— Joel...

— Ok, eu sei que conhecer minha mãe não estava nos planos. — Sai da porta, indo até a sala. — Mas, caralho, precisava sumir por dois dias? — Continuei de costas para ela, sabendo que, se me virasse, todo aquele sentimento ruim iria embora.

O maior problema de ter passado aqueles dias sem ela foi sentir sua falta. Meu Deus, como eu senti a falta dela. Parecia que meu organismo precisava de todas as formas para superar aqueles dois meses longes, e não iria fazer isso em alguns dias.

— Não foi por causa disso que eu sumi — ela disse, e eu senti seus passos ao meu redor, logo seu corpo surgindo a minha frente. — Não sei se notou, mas meu celular ficou aqui.

Minha mente ficou preta por alguns instantes. Eu iria questionar sobre a mensagem que ela tinha me mandado antes de vim para cá, mas lembrei que foi no Instagram. Ela nunca mandava mensagem por lá.

— E eu fui viajar a trabalho — explicou, levantando a mão e exibindo um pequeno pingente.

Encarei o pingente. Agora eu estava confuso. Deveria ficar bravo com ela ou não?

— E não podia ter passado para me avisar?

— Desculpa — falou com sinceridade.

Soltei um suspiro, olhando outra vez o pingente.

— Você é da California, não é?

Abaixei a guarda, relaxando os ombros.

— Sou — respondi, pegando a patinha de urso. California, meu estado. Urso, nosso símbolo.

— Não queria ter fugido aquele dia daquela forma. — Ela veio até mim, ficando na ponta dos pés e se erguendo para passar os braços ao meu redor.

Fui envolvido pelo seu cheiro, sentindo como se ele fosse uma droga, que fez todo meu organismo relaxar e ao mesmo tempo se acender. Tekila era tão... Viciante. Eu já quase não conseguia me lembrar porque estava bravo com ela.

— Desculpa — falou outra vez, baixinho agora, com a boca bem próxima da minha.

Ela já estava desculpada antes mesmo de precisar pedir.

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⏰ Última atualização: Sep 20, 2020 ⏰

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