Não íamos assistir Missão Impossível, mas estava parecendo que sim. Eu parei de tentar entender a confusão depois que eles explicaram que iam alugar o filme.
Quem aluga filme?!
Me joguei em um dos sofás e fiquei só observando de longe a confusão.
— Você é muito controlado — disse Tekila, surgindo da Terra do Nunca, bem atrás de mim, falando perto do meu ouvido — precisar ser mais, hm, espontâneo.
— Espontâneo? — Me virei para ela, fechando a cara. — Ah, não. Você não pode me cobrar isso.
— Posso sim.
— Não, não pode. — Apontei para o espaço ao meu lado no sofá. — Vem cá, senta aqui. Deixa-me te explicar algo.
Ela me olhou com tédio, e eu lhe encarei de forma fixa. Houve uma pequena discuta de olhares, em que eu insistia para ela vim conversar, e ela revirava os olhos mentalmente. No fim, ela cedeu e se sentou perto de mim.
— Eu nunca, nunca, — começo, juntando os dedos na mão e a olhando — nunca — repito — fiz com ninguém o que fiz com você. Eu nunca passei uma noite conversando tão abertamente com alguém como fizemos naquele domingo aqui na Mynt. Nunca sai com uma pessoa dois dias depois de conhecer ela, indo para o meio do oceano com uma desconhecida total. Nunca transei com alguém em tão pouco tempo após conhecer a pessoa. Desde que te conheci naquele balcão ali — apontei para o local onde eu há vi pela primeira vez, meses atrás — eu não fui nada além de espontâneo. E eu fiz isso tudo sem nem me dar conta do que estava fazendo.
Tekila não me encarou por muito tempo, apenas passou os olhos rápido por meu rosto. E então suas mãos foram para meus ombros e ela subiu em meu colo, com uma perna de cada lado de me mim.
— Não to falando disso — disse baixinho, abaixando o rosto em minha direção — to falando de...
— Tá falando de sexo, Tekila. Como sempre. — Seguro em sua cintura para tira-lá do meu colo, mas ela se mantem firme sobre mim.
— Por que você fala essas coisas como se fossem ruins? — pergunta, segurando firme em meus ombros. Seu corpo se aproxima cada vez do meu.
— Porque para você é tudo sexo...
— Não to falando disso — repetiu, dizendo entre dentes, me encarando. Seu cabelo preto caiu para frente do seu rosto, formando uma cortina ao nosso redor. — Você fala como se o que aconteceu na semana que nos conhecemos fosse ruim. Como se sua espontaneidade tivesse sido algo ruim. Mas ela te trouxe até aqui.
— É algo ruim, sim, porque eu não sou assim.
— Você não é, ou quer não ser? — Seus olhos brilham na sombra que cobre nossos rostos.
Eu perco o ar por um segundo.
Quis perguntar a ela o que queria dizer com aquilo, mas eu sabia muito bem a resposta. E aparentemente, Tekila também.
Minha vontade era explicar para ela que sendo quem sou — uma pessoa que está constantemente na mídia, que pode influenciar crianças e adolescentes — não posso me dar ao luxo de fazer o que eu bem quiser.
Aprendi da forma mais difícil que eu não posso ser quem quero ou fazer o que quero, que alguém sempre vai estar lá para me ver agindo.
— Vão te julgar não importa o que faça — ela murmura, me encarando, colocando o corpo ao meu.
Por um momento eu achei que tinha dito meus pensamentos em voz alta, mas não, eu não disse. Tekila parecia não precisar de palavras para saber o que eu pensava.
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Tekila
FanfictionEm uma noite na mais famosa balada de Miami, a Mynt Lounge, Joel conheceu Tekila, uma carismática atendente da casa noturna. Após aquela noite, eles passaram a se encontrar por situações que julgavam ser mera coincidência, apesar de Joel estar sempr...