Dose 12: Petit Gateau.

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Preparar guacamole é uma tarefa fácil, e Tekila soube fazer da forma rápida e eficiente.

— Eu não achei que alguém fosse conseguir fazer isso melhor do que a minha avó, mas você se superou. — Mergulhei uma tortilha no molho, fechando os olhos ao sentir o sabor apimentado. — Você tem mãos magicas.

Ela riu, passando o dedo pela beirada da vasilha e o lambendo.

— Você vai dizer isso mais tarde.

Abri a boca para responder, com um nacho na metade do caminho. Era a minha imaginação fértil ou ela tinha acabado de falar aquilo com duplo sentido?

— Vem, quero que me ajude com as sobremesas.

Sai da bancada, dando a volta e indo para a cozinha. Tudo estava limpo e organizado, separado em pequenos potes e previamente aberto. Ela já tinha começado o processo para o Petit Gateau.

— Aqui, adicione isso de cacau — ela me entregou um potinho de vidro e um com uma mistura amarela — e mexa até ficar consistente.

Obedeci ao que ela disse, segurando o pote de inox nos braços, enquanto ela untava as pequenas formas com furos.

— Sobremesas? No plural?

Ela parou o que estava fazendo e veio até mim, provando o chocolate.

— Sim, no plural.

Olhei ao redor, não vendo nada além das coisas para o que estávamos fazendo. Talvez ela tinha colocado algo na geladeira?

— E o que vai ser além do Petit Gateau?

— Eu — respondeu, dando de ombros e pegando a vasilha de mim.

Fiquei parado no lugar a olhando, enquanto misturava outras coisas no pote. Tekila usava uma saia colegial preta, a camisa social e meias longas, cobrindo toda a perna. Quando ela se abaixou para colocar a forma no forno, eu pude ver que a meia na realidade era uma meia calça, conectada a uma liga. Meu Deus, ela estava cinta liga.

Eu iria ter que esperar até a sobremesa para ver o que ela realmente estava usando? Ter mostrado o sutiã no quarto durante a live foi jogo baixo, ainda mais por ela depois ter simplesmente saído do meu colo e fechado a camisa.

Ela começou a organizar a cozinha, colocando na máquina as poucas louças sujas. Meus olhos não se desgrudaram de seus atos um minuto sequer.

— Tudo bem por aí? — perguntou se voltando para mim.

Eu ainda estava encostado na bancada perto da saída da cozinha, de braços cruzados e a olhando.

— Tudo ótimo.

Varri seu corpo com os olhos, demorando mais do que deveria no fim da saia, meus dedos coçando para tirar ela. Todos os botões fechados da camisa me irritavam com a visa aparentemente comportada.

Ela sorriu de forma convencida ao notar o que eu fazia.

— Vai levar só alguns minutos — falou, vindo até mim. Ela passou os braços por meu ombro, segurando as mãos atrás da minha nuca. Sua altura era muito mais baixa que a minha, e o sapato sem salto a forçava a ficar na ponta dos pés.

Sua boca estava tão perto que eu podia sentir o cheiro do batom retocado, me rodeando com o aroma de morango.

— O que vai levar só alguns minutinhos?

— A sobremesa, obviamente. — Ela abaixou os olhos, percorrendo uma mão por minha camiseta, passando ela por meu peitoral de forma lenta.

— Achei que fossem ser duas sobremesas.

— E vai bobinho. — Sua mão foi para meu braço, o apertando enquanto ela se inclinava para cima. — Mas eu prometo que a segunda vai ser bem mais longa e muito mais gostosa — falou baixo, mordendo o lóbulo da minha orelha.

O ar condicionado já tinha voltado para vinte graus, mas uma brisa quente percorreu meu corpo.

Ouvimos o suave alarme do forno, indicando que já estava pronto.

— Eu vou tirar da forma, e você vai montar nossos pratos. Tem sorvete na geladeira

Era incrível como ela falava agindo de forma natural, como se a casa fosse dela, e ela soubesse o que tinha na geladeira e eu não.

Não questionei, apenas fiz o que ela pediu. Peguei um par de pratos de vidro, colocando uma bola de sorvete de creme em cada um. Tekila adicionou os pequenos bolos de chocolate quente, e seguimos para a mesa pequena ao lado da sala.

O cheiro estava simplesmente incrível. Quando parti o bolo, uma calda de chocolate escorreu, e eu não pude evitar sorrir com aquilo.

— Sabe uma das propriedades do chocolate que é a minha preferida? — perguntou Tekila, se levantando. Ela cruzou o pequeno espaço que nos separava, sentando de lado no meu colo, com o braço ao redor do meu pescoço.

Neguei com a cabeça, incapaz de falar. Ela pegou um pouco da sobremesa com a colher, me olhando enquanto me dava um pedaço na boca.

— A melhora da libido. — Devolveu a colher para a mesa, voltando para mim novamente. Ela passou um dedo pela beirada da minha boca, tirando o chocolate que sujava minha barba. Ela lambeu o dedo e se abaixou, beijando o conto da minha boca. Pude sentir sua língua em minha pele, limpando o doce. — Libido é responsável pelo desejo sexual.

Ela se levantou e passou as duas pernas ao meu redor, se sentando em meu colo de frente para mim agora. Seus dedos se fecharam em meu cacho, puxando minha cabeça para trás.

— Você é meio... bipolar, sabia? — Tekila examinou meu rosto, passando os olhos por minha barba, minha boca e meus cílios. — É um defeito do seu signo.

— Você acredita em signos?

— Não... — Ela riu, ainda com a mão firme em meu cabelo, o puxando para trás. — Mas há coisas interessantes que podemos descobrir com eles. Como o fato de você não gostar de rotina.

— Isso é relevante agora?

— Ah, é bem relevante. — Abaixando o rosto, ela passou a língua por meu pescoço. — É de sair da rotina.

TekilaOnde histórias criam vida. Descubra agora