O sábado se passou em um borrão para mim, já que dormi tudo o que não dormia há semanas. Eu comecei a me questionar porque não tinha comprado uma cama de casal para meu quarto. Mesmo minha cama sendo grande, ela ainda era um modelo para solteiros.
Apesar de poder passar mais mil noites apertado ali com Tekila, a abraçando durante a madrugada e sentindo seu coração bater em meu peito, o sono era mais relaxante com a cama vazia. Ela foi embora de manhã, me dando um beijo na bochecha e saindo com o nascer do sol.
Dormi o dia todo depois disso, levantando apenas para fechar as janelas e cortinas, caindo em uma escuridão. O chão de Miami estava há metros abaixo de meu quarto, o barulho mal sendo inaudível. Apesar de apreciar os palcos e minhas fãs, o silêncio se tornou algo raro e estimado para mim.
Acordei com o corpo dolorido e tenso, ainda cansado da pequena turnê para promover a Press Star Tour. Tomei um banho e coloquei uma calça moletom, abaixando a temperatura do ar condicionado.
Desfiz minha mala com a maior preguiça de todas, levando as roupas sujas para a lavanderia e guardando as limpas. Eu tinha um quarto em que mantinha meus presentes, e muito se juntaram aos que já estavam nas prateleiras.
Minha campainha tocou e eu peguei uma blusa para vestir, parando para olhar o olho mágico. Pausei o movimento que fazia com os braços, abaixando a camiseta e não a vestindo. Abri a porta e olhei Tekila com as sobrancelhas arqueadas.
— Como você consegue subir sem que meu porteiro me avise?
— Tenho meus charmes — responde, entrando e me entregando um pote branco. — Janta — explica, colocando sua bolsa na mesa ao lado da porta e indo para a cozinha.
Fiquei parado, encarando a porta vazia antes de fecha-la. Eu ainda me assustava com o conforto que Tekila adquiria tão rápido.
Me juntei a ela na cozinha, que me entregou um garfo antes que eu conseguisse processar qualquer coisa. Coloquei o pote na pia, o abrindo. Era uma salada de folhas, legumes e frango. O cheiro de tempero apimentado subiu, fazendo meu nariz coçar e minha boca salivar.
Enquanto eu comia Tekila se movia ao meu redor, parecendo esquentar algo no micro-ondas. Um copo de suco natural foi colocado a minha frente e eu o peguei com uma careta. De onde tinha saído isso? Mas não falei nada, apenas dei de ombros e o bebi. Era de abacaxi.
Eu estava há mais de vinte quatro horas sem comer e só percebi isso quando meu estômago começou a roncar com a salada. Tekila agiu antes mesmo de eu poder concluir o pensamento da fome, colocando um prato de macarrão na minha frente.
— Ok, de onde isso saiu? — Aponto para a janta que ela tinha me preparado em cinco minutos.
— Eu trouxe ontem a noite — respondeu, beijando minhas costas.
— Como você entrou aqui ontem? — perguntei de boca cheia.
— Tenho meus contatos. — Ela piscou, cruzando os braços e me observou.
— E seus contatos sabem arrombar portas? Isso é preocupante.
— Sua porta não foi arrombada.
A encarei, minhas engrenagens rodando para descobrir como ela tinha feito. Mas ela não parecia que iria ceder e revelar. Eu deveria me preocupar? Provavelmente sim.
Dei de ombros e voltei a comer.
— Posso usar seu banheiro? — pediu, saindo da cozinha.
Eu quase ri.
— Você já entrou na minha casa sem eu saber — falei de boca cheia. — Aparentemente, mi casa es su casa.
— Eu só entrei ontem por uma boa causa — explicou, apontando o dedo para mim. Mordi a boca e confirmei com a cabeça.
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Tekila
FanfictionEm uma noite na mais famosa balada de Miami, a Mynt Lounge, Joel conheceu Tekila, uma carismática atendente da casa noturna. Após aquela noite, eles passaram a se encontrar por situações que julgavam ser mera coincidência, apesar de Joel estar sempr...