Dose 26: De joelhos.

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Quando voltamos para a pista Ya Tú Sabes estava tocando.

— Não fui eu — falou Chris, levantando as mãos, antes mesmo de ser acusado.

Júlio se colocou na frente de Tekila e eu, nos olhando com os olhos cerrados.

— Se acertaram? — perguntou, analisando nossos corpos. Ele parou em nossas mãos juntas, abrindo um sorriso. — Ah, adoro reconciliações.

Ele juntou as mãos no rosto e nos olhou com os olhos picando, parecendo encantado.

— Só falta o sexo — adicionou Chris, apoiado no balcão do bar comendo um lanche.

— Sexo?!

— É, sexo de reconciliação. É a melhor parte de brigar.

— Eu vou escolher simplesmente te ignorar — falei, dando as costas para ele.

Bom, com a chegada de Carrie, DJ também tinha chegado com o DVD do filme que iriamos ver.

— Como assim o seu notebook não tem leitor de DVD? — DJ praticamente gritou para Júlio.

— Ei, seu notebook! É você o responsável por ele.

— Mas é você o técnico de som!

Enquanto algumas meninas arrumavam as almofadas e pufes pela pista de dança, os dois continuavam brigando ali.

— Sabe do que eu lembrei agora? — Tekila disse baixinho no meu ouvido. — Que eu já dancei para você...

— Ah, eu me lembro bem disso. — Passei um braço por sua cintura.

— Você podia dançar pra mim.

A soltei e abaixei o rosto, chocado.

— Dançar pra você?!

— Não dessa forma — falou, rindo e apoiando as mãos no cinto da minha calça. — Queria ver você dançando Ya Tú Sabes um dia.

— Você — apontei para ela, falando lentamente — quer ver eu — apontei para mim — dançando uma música minha?

Ok, isso é estranho.

— Ela tem uma vibe muito boa! — ressaltou, colando o corpo ao meu. — Eu vi um vídeo de vocês cantando a música em New York, e meu Deus, eu daria tudo para ver você naquela vibe.

— Que vibe?

— Não sei... — Inspirou fundo, olhando para trás de mim e pensando. — Mas diferente. Você usava uma calça preta e uma blusa branca, e um colete também preto, com os braços de fora... — Ela mordeu a boca e apertou mais meu corpo. — E não parecia você no palco.

Eu me lembrava bem da apresentação em New York, pouco depois de lançarmos a música. Foi a primeira vez que cantamos ela ao vivo. Aquele show representou tanto o ritmo urbano do grupo, sem figurinos planejados, apenas nós em um palco, com um publico em uma casa fechada. Não dá para julgar ela por dizer que eu parecia diferente, porque eu me lembro de ter de fato me sentindo assim naquele show.

— Ok, eu não vou dançar isso para você — falei, abaixando os olhos para ela — mas — estendi o a por diversos segundos — você pode ir em um show um dia, ver a gente.

— Só se eu for ficar pertinho da grade — brincou, sorrindo para mim e juntando nossos corpos.

— Quem sabe você até consegue uma passagem para os bastidores — propus, me inclinando para baixo e beijando seu pescoço.

— Hm, ia adorar ver você depois de um show — comentou, rodeando minha cintura com as mãos, adentrando minha camisa.

— Ah cara, quem foi que organizou isso? — ouvimos alguém xingar ao fundo. — Tekila!

TekilaOnde histórias criam vida. Descubra agora