Dose 11: Instagram Live.

596 62 5
                                    

Eu normalmente não costumava passar meu endereço para pessoas que tinha acabado de conhecer, mas levando em conta que Tekila e eu já tínhamos até transado, eu cedi a isso.

Ela disse que seu plano para me consertar iria começar, e o primeiro passo seria me conquistar. Quis dizer que ela já tinha feito isso. Era fato que desde a noite de domingo, quando apenas conversei com ela por horas, ela ficou em minha mente.

Podia fazer apenas quatro dias que nos conhecíamos, mas parecia muito mais tempo. Ela não me fazia perguntas para me conhecer, apenas agia como se já conhecesse.

Ela era completamente oposta a mim, e isso parecia criar uma atração ainda maior entre nós. Eu sabia que deveria ser cuidadoso com quem me envolvia, mas com ela ao redor eu não conseguia pensar direito, apenas me deixava levar.

De acordo com Tekila, para se conquistar um homem deve começar com a barriga. Ela já tinha me embebedado todos os dias que estivemos juntos, mas disse que dessa vez não iriamos chegar perto de álcool. Ela iria cozinhar para mim.

Eu tinha a live no Instagram para fazer a noite, tendo marcado ela para as oito horas. Minha esperança era que Tekila chegasse antes disso, mas ela iria ficar livre só as sete, devido a compromissos na balada.

O ar condicionado do apartamento estava quase no mínimo, e eu agradeci ao poder vestir calça  de moletom, uma camiseta preta e touca, também preta. Meus cachos estavam ressecados após nadar tanto na água salgada do mar, e eu não estava nem um pouco a fim de cuidar deles. A touca resolvia todo o problema, apenas com as pontas para fora.

O porteiro ligou para avisar que Tekila tinha chegado faltando dez para as oito, e eu pedi para deixá-la subir. Quando apertou a campainha e eu abri a porta, encontrei ela com diversas sacolas nas mãos. Me encostei no batente e cruzei os braços, a olhando com uma sobrancelha levantada.

— Que isso?

— Você mora sozinho, eu duvido que tenha algo aqui que eu possa usar para cozinhar.

— Isso seria um absurdo se não fosse verdade. — Dei espaço para ela entrar.

Após tirarmos tudo das sacolas na bancada da cozinha eu ainda não sabia o que ela iria fazer. Para mim era uma confusão de caixas, temperos e coisas que eu não conhecia.

— Abacate! — falei vendo no meio das coisas. — Meu Deus, eu amo abacate.

— Bom saber... — Ela segurou um sorriso. — Vamos comer Guacamole e Petit Gateau.

— Você está levando sua missão nesse mundo bem a sério.

Tekila sorriu, dando uma piscadela para mim.

— Joel, amanhã você vai acordar sendo o garoto mais bonzinho do mundo.

— Eu sou um garoto bonzinho.

— Não é não. — Ela riu, se movendo pela minha cozinha, conhecendo as coisas que eu tinha. — Você é chato e mal-humorado. Mas vamos resolver isso.

— Vamos é?

— Amanhã você achará que Deus é mulher.

Eu não consegui responder a isso, fixando o olhar em seus olhos azuis. Ela me encarava de forma tão intensa que eu me senti intimidado a desviar.

Só fui despertar quando lembrei da live.

— Ok, eu preciso fazer algo agora. Não entre no meu quarto.

— Vai bater uma punheta?

Franzi a testa, a olhando e saindo da cozinha.

— Vou fazer um live. É trabalho.

TekilaOnde histórias criam vida. Descubra agora