CAPÍTULO 14

829 81 24
                                    

NATASHA

O tempo passou rapidamente. Jack brincava correndo atrás de uma borboleta e eu o observava indecisa e com sentimento de culpa.

Eu não esperava que ele reagisse tão entusiasmado quando eu o levei até a casa de Renato. E ele me bombardeou mais e mais com perguntas com aqueles olhinhos suplicantes. Eu me senti mal ao ter que mentir sobre alguns fatos, mesmo sendo para o bem dele.

No futuro eu posso contar a verdade , eu me desculpava. Eu apenas estou protegendo ele...

Fechei os olhos por um momento.

Eu odeio mentiras, elas me dão um gosto amargo na boca.

Suspirei.

Quando abri os olhos, entrei em panico.

Jack não estava em lugar nenhum.

Se faz apenas um minuto que ele estava na minha frente!

Chamei seu nome varias vezes e no desespero corri ao redor em busca dele.

Minha cabeça zumbia.

Até que vi um homem virado de costas não muito longe. Corri até ele, rezando para que ele tenha avistado Jack.

E então ele se virou.

E eu parei em seco. 

Todo o ar saiu dos meus pulmões. O homem tambem parecia tão mal quanto eu. Sua boca abriu e um brilho de reconhecimento apareceu em seus olhos ao me fitar.

Isso é loucura... Eu finalmente enlouqueci porque o homem na minha frente era como uma caricatura de Renato. Mas não o meu Renato. Ele não tinha cicatrizes nem o sorriso forçado.

Não, ele era totalmente normal, como eu imaginei que ele seria sem aquela deformação.

Fechei os olhos, acreditando que quando abrisse os olhos, a alucinação iria embora. 

Deus, por favor...

ㅡ Natasha, olhe para mim.

Abri os olhos. Suspirei entrecortadamente.

Mesmo contra todos os sentidos e a lógica eu soube que era ele.

Renato. Aqui. Tão diferente. 

Não fazia nenhum sentido.

ㅡ Sim ㅡ Ele sorriu, e eu arregalei os olhos, a ponto de lagrimas.

O sorriso dele é tão... lindo.

Nada de cicatrizes ou dor. 

Como se estivesse possuída por um força maior, meus pés caminharam lentamente passo a passo ate ele que poderia ser bem uma estatua se eu não pudesse ver o tórax subindo e descendo com a respiração.

Minhas mãos tremiam quando as coloquei em forma de concha no rosto dele.

Soltei uma respiração chocada.

Ele não desapareceu nem se transformou em uma nevoa fantasmagórica.

O que eu senti foi carne e osso. Meu coração batia loucamente. 

E eu o encarava, milhares de perguntas gritando dentro de mim mas eu não conseguia dizer uma palavra.

Ele segurou minhas mãos com as dele e eu notei que haviam marcas de x sobre elas. Centenas delas, rodeando as mãos ate o pulso, como uma tatuagem.

Balancei a cabeça. Era muita coisa para assimilar.

Eu ainda tinha duvidas que fosse real ou apenas uma ilusão. 

A Prisioneira #2 • Renato Garcia (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora