CAPÍTULO 19

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NATASHA

Chego em casa depois de uma noite cansativa. Mais um dos eventos de caridade criados pela minha mãe, que os arrecadava anualmente. Ano passado pareceu agora uma outra vida. Em pouco tempo Renato escalou um espaço grande em minha rotina e meus dias. E a cada dia me surpreendo um pouco mais.

Me certifiquei que Jack dormia tranquilamente no quarto dele para poder conversar com Renato sem interrupções. Finalmente ele concordou em falar comigo sobre o que aconteceu e o silencio do caminho não fez em nada para acalmar meu nervosismo. 

Chegando na sala sentei no sofá de frente a Renato e esperei. Não tinha desculpas ou contratempos, hoje tudo será posto a limpo.

ㅡ Quando eu me libertei naquela noite que Jane... ㅡ ele grunhiu o nome dela como um xingamento e franziu a testa. ㅡ eu não fiz aquilo sozinho. ㅡ falou Renato, indo direto ao assunto.

Franzo a testa, sem entender o que ele quer chegar.

Olhei cautelosamente para ele.

ㅡ o que você quer dizer?

ㅡ Slender estava lá. Eu pedi a ajuda dele.

Levo a mão aos labios, para abafar um ofego de horror. Renato espera pacientemente enquanto eu processo a noticia, mas seu rosto se torna sombrio. Tantas perguntas gritam em minha cabeça ao mesmo tempo, mas de todas elas o maximo que pude fazer foi balbuciar com os labios trementes:

ㅡ Renato... Isso é... como? Porquê ele ajudaria? ㅡ essa parte que não faz sentido nenhum para mim. Quando o vimos na floresta, ele pareceu uma criatura eterea, perigosa mas surpreentemente ele não havia feito nada conosco. Foi terrivel o bastante ter visto aquela coisa em frente a nós, nos observando. Mas ajudar?

Lembro como Renato ficou transtornado naquela noite. Eu nunca tinha o visto assim, tão fora do controle. Eu agradeci fortemente que nunca mais essa presença apareceu para nós e passei os dias seguintes da minha vida fingindo que nada aconteceu. Era mais facil desse jeito.

ㅡ Eu fiz uma promessa.

Ele respondeu com os dentes cerrados, os olhos gelados como o inverno.

Fiquei calada, respirando profundamente com medo que se me movo ele não contaria o resto. Ele parece estar por um fio de desistir de dizer o resto.

Como eu não imterrompi, ele continou com o cenho franzido.

ㅡ E quando chegou a hora de pagar essa promessa, eu fui. E deixei...você... ㅡ ele disse por fim, baixo. Ele desvia o olhar e a dor em sua voz não podia ser disfarçada. Como se fosse algo vergonhoso o que ele fez.

As palavras dele finalmente fizeram sentido, e eu pulei do sofá, ficando de pé.


ㅡ Você barganhou a sua vida para nos salvar aquela noite?!

A carranca dele aprofundou.

ㅡ Não foi assim.

ㅡ Mas você... desapareceu depois disso. E todo esse tempo... você estava com ele. Oh, meu deus.

Pisquei os olhos repetidamente, sem acreditar que por todo esse tempo, eu fiquei as escuras quando algo tão importante aconteceu! Deus, as implicações dessa decisão...tudo mudou. E então eu lembrei de algo ainda mais assustador.

ㅡ O que ele... o que ele fez a você? Como voce voltou desse... desse jeito?

Ele olhou para mim, e ele pareceu tão confuso quanto eu por um momento.

ㅡ Eu não sei exatamente. Nos anos em que estive... algo mudava todos os dias.

ㅡ Por favor me diga. Eu não entendo.

A Prisioneira #2 • Renato Garcia (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora