CAPÍTULO 2

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9 ANOS DEPOIS

-Já arrumou tudo, filho? –meu pai me perguntou, pegando seu casaco de couro.

-Sim pai, já está tudo pronto– respondi descendo as escadas, e indo em direção ao carro.

Meu pai foi dirigindo, enquanto, minha mãe observava o movimento lá fora, pela janela do carro. Eu estava com a cabeça encostada no banco de trás, ouvindo música enquanto pensava nos últimos acontecimentos, da minha vida.

Chegando no aeroporto, fizemos o check-in rapidamente e nos dirigimos, à sala de embarque. Eu iria embora do Brasil, depois de anos morando e aprendendo, várias coisas com meu pai naquele país, estava na hora de colocar em ação tudo o que eu tinha aprendido. E eu, sinceramente, não queria ser o herói.

Vilões são mais interessantes.

Entro no avião e sinto uma sensação de liberdade e desapego. Tinha Prometido a mim mesmo que, quando deixasse aquele país, eu deixaria para trás também, tudo o que aconteceu, só não deixaria, tudo o que aprendi.

...

Califórnia

Desci do avião, sentindo o cheiro de começo, no ar. Era a primeira vez em muito tempo que, eu me sentia parte de um lugar. As coisas andavam melhorando, eu tinha uma família, algo que nunca imaginei ter. 

Antes de John, meu pai, me fazer a proposta de viver com ele , nunca imaginei que amaria alguém, até eles me mostrarem como era ser amado, verdadeiramente, mesmo com tudo o que rodeava a nossa família. Eu sentia que pertencia, ao que eles sempre fizeram. Mesmo que meu jeito fosse de uma pessoa que não demonstrava muito o que sentia, eu amava demais, minha família e, era muito grato a eles, por terem me acolhido.

Nosso motorista, nos ajudou com as malas e logo seguimos caminho, em direção à nossa nova casa. O carro parou, e eu virei meu rosto para analisar onde seria, nossa nova morada. A casa era enorme, com um grande lago logo na entrada, e com toda a certeza, tinha sido meu pai a escolhe-la, pois, minha mãe sempre preferiu a simplicidade, em tudo.

Adentramos a casa, e eu nem me preocupei em ver como a casa era por dentro, apenas dirigi até meu quarto, porque, eu estava cansado, precisava de um banho e da minha cama. 

Fui abrindo todas as portas até encontrar um quarto preto e cinzento, com certeza, aquele era o meu quarto, até porquê, a única exigência que eu tinha feito em relação à decoração, eram as cores do meu quarto, o resto foi tudo a critério dos meus pais.

A vida me ensinou a contentar com pouco, nunca exiji muito.

Durante todos aqueles anos com minha família, nunca esbanjei o dinheiro deles, sempre utilizei o necessário, mesmo meu pai sempre enfatizando que eu poderia pegar mais um pouco, contudo, nunca me deixei deslumbrar com o dinheiro, pois, assim como ganhamos, também podemos perder.

Num piscar de olhos.

Deitei-me e minutos depois, senti o cansaço me atingir, logo, dormi.

...

Desci as escadas, rumo a cozinha. Encontrei minha mãe fazendo um bolo. Me aproximei dela, depositando um beijo na sua bochecha e, fui pegar uma garrafinha de água.

-Compraram limão? –perguntei para a minha mãe.

-Dentro daquela sacola – falou apontando para uma sacola, em cima da mesa, com várias coisas dentro.

Peguei o limão cortei três rodelas ao meio e coloquei na minha garrafa de água. Sempre gostei de alimentos cítricos, talvez, porque eram tão cítricos, quanto a minha alma.

-Seu pai quer conversar com você – ela contou, colocando o bolo no forno.

-Aonde ele está? –indaguei, dando mais um gole da minha água.

-No escritório – ela disse arrumando meus cabelos desgrenhados

Saí da cozinha em direção ao escritório dele. Ao encontrar uma porta marrom, com uma placa escrita o seu nome, bati duas vezes, e ouvi a voz do meu pai, me mandando entrar.

Ele apontou para a cadeira, e eu sentei-me a sua frente, relaxando meu corpo nela, que era bastante confortável.

-A mãe disse que, o senhor queria falar comigo? –perguntei com uma leve curiosidade, na voz.

-Queria sim –respondeu, sorrindo de lado – Você sabe o motivo para o qual viemos viver aqui, eu te ensinei tudo o que eu sei, durante nove anos para que podias assumir tudo o que é meu. Durante anos estudaste a forma como os Tricks vivem, mas não posso te deixar entrar verdadeiramente, nesse meio sem antes te perguntar – ele suspirou baixando olhar, mas logo, voltou a me encarar –Você tem certeza que, quer entrar? Você não é obrigado a nada –ele falou me observando, com carinho e cuidado.

-Pai, eu pensei que isso já estivesse bem claro, para o senhor –indaguei o encarando de volta – Se eu não quisesse isso, não deixaria que me ensinasse, tudo quanto me ensinou– disse óbvio.

-Tudo bem filho – falou saindo do seu lugar e, parando na minha frente, colocando a mão no meu ombro – e por favor, podes até errar a mira, mas ...

-Nunca esqueças as regras –completei, cortando sua frase – eu sei pai, não sou mais criança.–exprimi de forma firme. 

As regras eram tão importantes, que eram gerais, não só os Tricks os seguiam, mas também, os Croops e outras organizações. E foi a primeira coisa, que eu tive que aprender.

-Eu também não era criança, quando quebrei a regra 2 – ele comentou sorrindo.

-Isso não é regra, é uma lei pra minha vida –retruquei, sorrindo de lado.

-Não falo que é um erro, apenas é um grande risco, mas, eu não me arrependo – ele contou sorrindo, como se lembrasse de algo.

-Eu com certeza não quero ver esse sorriso no meu rosto–comentei rindo– E eu não vou precisar quebrar essa regra – garanti, me levantando e indo em direção a porta.

-Tome cuidado filho – pediu e eu voltei o rosto para o encarar.

-Tomarei, pai – falei, o tranquilizando e saindo do escritório.

Eu estava pronto.

Pronto para começar, minha nova jornada. E iria adorar, estourar umas cabeças.

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