CAPÍTULO 10

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-Como é bom, excitar alguém e depois a soltar, não é mesmo Lucca? – ela perguntou retoricamente, com um sorriso de lado, me encarando com os olhos ainda cheios de desejo,

Eu ri, me lembrando da cena, na sala.

-Você me afastou, por causa disso? – eu estava frustrado e ao mesmo tempo rindo, porque, seu corpo mostrava que ela queria, mas, ela continuava jogando esse jogo de, quem seduz mais, sendo que já estava mais do que notável, a nossa atração.

-Não, claro que não «... eu só não posso, não hoje – ela falou, fazendo uma cara como quem, também estava frustrada com a situação, só que, eu ainda não estendia o motivo dela me ter afastado.

Eu que não iria insistir, somente respeitei a vontade dela.

-Tudo bem, então – falei dando de ombros e, me dirigindo à sala.

Sentei-me no sofá e ela chegou, logo em seguida, sentando-se do meu lado e colocando o filme, que iríamos assistir.

-Não fica com essa cara, eu não tenho culpa – ela falou me olhando. E quanto mais ela explicava, menos eu entendia.

-Estou normal, só não entendi – falei me relaxando no sofá e, tirando meu casaco ficando somente com a camisa preta.

-Não vou explicar o motivo, é embaraçoso demais... digamos que são, algumas situações femininas – explicou, se cobrindo com um cobertor quem eu nem tinha visto que estava ali.

-E desde quando, você se embaraça com, alguma coisa? – perguntei debochando dela.

-Cala a merda dessa boca e, presta atenção no filme – ela desconversou ainda com um sorrisinho de lado. 

Fiquei sorrindo da cara dela, por mais uns segundos, até me deparar que eu estava sorrindo com bastante frequência. E eu não gostei disso, simplesmente, por me sentir estranho. Voltei a encarar o filme, deixando esses pensamentos de lado.

Quando o filme estava na metade, voltei o rosto e vi que Savannah estava dormindo, tão calma que, nem parecia ser a pessoa irónica e durona que, costumava mostrar às pessoas.

-Parece uma criança inocente, dormindo – comentei baixinho, com um sorriso de canto, enquanto, alisava seu rosto com a costa, da minha mão. 

Quando me dei conta do que eu estava fazendo, me afastei logo, com os olhos, levemente, arregalados.

Que merda, eu não podia me apegar.

A última coisa que eu precisava, no momento, era de uma distração. Aquilo entre mim e ela, era para ser apenas sexo, e já teve comida, filme e tudo mais.

Levantei-me, ajeitei-a no sofá, a cobrindo melhor, e saí do chalé. Dirigi, rapidamente, até casa. Já passava das 22 horas, nem tinha percebido o tempo passando.

A casa estava totalmente escura, provavelmente, meus pais já estavam dormindo. Subi sem fazer barulho, até meu quarto. 

Deitei-me na cama, após tomar um banho bem quente e, relaxar meu corpo. Passei as mãos no rosto, pensando nos episódios do dia. 

Por mais que, eu tivesse gostado da tarde com ela, aquilo não poderia, se repetir novamente. A qualquer hora, eu podia ter uma arma apontada na minha cabeça e, Savannah não precisava de uma bagunça como eu, na sua vida. 

Eu tinha uma pessoa para encontrar, e eu tinha que me proteger. Eu não podia, simplesmente, coloca-la no meio de, tudo aquilo. A ideia inicial era transar com ela, só que, logo depois imaginei-me sendo amigo dela. Por isso, cortei meus pensamentos, para não imaginar a próxima ideia, relacionado a ela. 

O melhor seria me afastar, por mais que, minha atração por ela fosse forte, eu teria que me segurar.

Deixei meu corpo descansar, na cama macia, e logo senti meus olhos pesarem.
...

Estava na entrada da universidade, encostado na minha moto. Eu observa o movimento, quando vi Savannah chegar, na sua moto. Ela estacionou e desceu andando com passos firmes, em direção à entrada da universidade. Passou por mim, sem nem me dar atenção, e entrou desaparecendo, da minha vista. Suspirei fundo, balançando a cabeça.

Fiquei mais um tempo observando as pessoas, quando voltei o rosto e vi David Smith, saindo de um belo carro. Só que, não era ele quem dirigia, mas, eu não conseguia ver quem era pelo fato do vidro ser fumê. Quando David saiu do carro, o mesmo deu partida, sem me deixar ver quem conduzia. Analisei a aparência dele, e ele vestia roupas normais e simples. Algo nele me deixava bastante desconfiado, porém, eu iria investigar, mais a fundo.

Ouvi o sinal bater, e me dirigi a sala, para a primeira aula. Eu já estava cansando de tantas aulas. A pior parte era repetir as matérias que eu já tinha algum conhecimento, então, era um pouco entediante para mim.

No decorrer da terceira aula, ouviu-se pela rádio da sala, a voz do diretor convocando todos os alunos, a comparecerem no auditório onde iria decorrer uma apresentação, dos alunos de artes. Ao ouvir tal comunicado, bufei. Não estava com paciência, para assistir nada. Meu humor não estava a cem por cento e, eu não sabia o motivo disso.

Dei dois goles na minha água, enquanto, seguia os alunos e professores, que caminhavam em direção a esse tal auditório.

Chegando lá, vi vários alunos sentados nas cadeiras, conversando uns com os outros. Como eu não tinha com quem me sentar, muito menos conversar, sentei-me na última fileira, onde tinha apenas dois garotos. O diretor começou sua introdução de sempre, e como eu não tinha paciência para aquilo, coloquei meus fones de ouvido. Aumentei volume no máximo, fechando meus olhos e me relaxando na cadeira que, era um pouco desconfortável.

Estava concentrado na minha música, de olhos fechados, quando senti como que, uma necessidade de abrir os olhos. Abri-os, mas, e rodei meu olhar pelo local, voltei o rosto para trás vendo Savannah entrar, com os fones de ouvido dela, mascando uma pastilha elástica com a sua pose de quem estava, pouco se importando se chegara atrasada ou não. Ela me atraía, pelo fato de ser tão parecida comigo em alguns aspetos.

Como um imã, seus olhos encontraram-se com os meus e, eu senti minha pele arrepiar com a sensação. Ela me deu um olhar que expressava, o quanto ela me achava idiota. 

Realmente eu fui um idiota, em ter ido embora sem avisar e tê-la deixada lá, sozinha. Mas, era melhor assim para ambos, a minha vida já era bastante complicada para me apegar a ela e envolve-la, naquilo tudo. 

Savannah desviou o olhar depressa, e caminhou até a outra fila, na mesma direção que a minha, sentando-se. Em nem um momento ela tirou os fones, dando a mínima para o que, acontecia à sua volta. Fechou os olhos e relaxou na cadeira. Eu não queria, contudo, acabei sorrindo com a atitude dela.
...

Saímos do grande auditório, após a apresentação da turma de artes, na qual eu não prestei nenhuma atenção. Em todo o momento eu virava o rosto pro lado, para observar a Savannah e a flagrava me olhando também, só que, ela desviava rapidamente.

O sinal indicou o final das aulas. Eu estava no estacionamento, encostado na minha moto esperando o David sair, para o seguir. Eu precisava de mais informações sobre ele. Quando ele saiu, eu comecei a acompanhá-lo. Ele estava indo a pé, então, eu tinha que fazer o mesmo. Deixei minha moto, no estacionamento da escola e, fui seguindo-o.

Andei atrás dele, sem deixa-lo me ver. Por vezes ele voltava o rosto para trás, mas, eu me escondia atrás de alguma coisa e disfarçava, de modo que, ele não se apercebesse de mim, ali.

Smith entrou dentro de uma cafetaria, logo, fiquei esperando do lado de fora. Depois de um tempo, ele saiu com duas sacolas na mão. Continuou andando, até parar num bairro simples, com várias casas pequenas que pareciam ser, bem confortáveis.

David entrou na terceira casa e eu fiquei num pequeno beco, apenas observando. Eu não podia entrar naquele momento, tinha que esperar a noite chegar, ou esperá-lo sair.

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