-Merda, devem ser meus pais... mas eles não iriam chegar hoje!—ela estava se ajeitando, enquanto, falava sozinha—você precisa ir, eles não podem te ver aqui, de jeito nenhum.—falou, apressadamente.
-Mas, porquê?—perguntei confuso, pois, ela tinha 19 anos, bastante independente, e era estranho vê-la com medo dos seus pais, a verem com alguém, no quarto.
-Te explico depois, sai pelos fundos, senão eles vão te ver—ela disse e me deu um beijo, rápido—te vejo depois—finalizou e eu vesti minha camisa, de forma rápida, descendo as escadas, correndo.
Peguei meu casaco que tinha deixado lá em baixo e, saí correndo para os fundos, como ela havia me dito.
Entrei numa espécie de garagem com vários e vários carros, de luxo. Seus pais realmente, tinham muito dinheiro. E no meio de tanta pressa acabei esbarrando em algo.
Ouvi algo sendo aberto, e meu coração parou no mesmo instante, pois, podia ser os pais dela, e o meu medo não era nem por mim, mas sim por ela.
Voltei o rosto, vendo uma porta automática se abrindo e revelando...
QUE MERDA ERA AQUELA?
Eu só poderia estar tendo alguma alucinação, ou aquilo era um coincidência, fora do normal. Minha mente estava quase que, explodindo, eu não sabia o que pensar, se aquilo fosse mesmo o que eu estava vendo e pensando.
Aproximei-me dela, e quando vi a marca da bala, da arma que eu tinha usado, naquela noite, eu tive a certeza, do que minha mente e meu coração, não queriam acreditar.
Uma Panigale V4—R vermelha.
Aquilo só podia ser uma espécie de brincadeira, de muito mal gosto. Eu não queria acreditar, que a pessoa no qual eu estava passando a maior parte do meu dia, era uma Croops.
Senti meu celular vibrar e vi que, era uma mensagem da mesma pessoa que tinha vindo a tomar, maior parte, dos meus pensamentos.
Savannah: Que susto! Não eram meus pais... eram somente os seguranças saindo. Se quiser voltar...
Em outras circunstâncias eu riria da situação e subiria correndo, para ir ficar com ela, mais um pouco, mas naquele momento, eu só conseguia sentir raiva.
Subi as escadas, apressadamente, e tirei minha arma da parte de trás das costas, andando com ela na minha mão, até abrir a porta do seu quarto. Ela estava de costas, arrumando a cama.
-Pensei que, não iria voltar—ela falou de forma debochada e, voltou-se para mim, me olhando com os olhos arregalados, ao ver a arma apontada na sua direção.
-Porque pensou isso Savannah, ou devo te chamar, membro da Croops?—perguntei, cuspindo fogo e ela deixou seu corpo cair, sentando-se na cama, com os olhos mais arregalados, ainda.
-Lucca, abaixa isso, eu...eu posso explicar—falou com a voz falha, mas, eu não iria cair no seu teatro. Ri sem humor, me aproximando dela.
-Esse tempo todo você sabia, não sabia? Sabia que eu era dos Tricks—questionei, e segundos depois, ela acenou com a cabeça, abaixando-a logo em seguida.
-Eu juro Lucca, eu não estava com você para...—ela ia falar, porém, eu a cortei.
-Sim Savannah, você estava comigo só para conseguir informações, eu que não consegui ver quem você era, realmente—cuspi as palavras e ela levantou-se, me encarando nos olhos, deixando escapar uma lágrima.
-Lucca, não, eu não...—não deixei-a falar, novamente.
-Eu não estou conseguindo ouvir sua voz, Savannah. Eu confiava em você, eu...eu comecei a...—não consegui terminar, o que eu iria dizer, as palavras, simplismente, não saíam.
-Lucca acredita em mim... eu só não te contei que, eu já sabia que você era dos Tricks, porque eu sabia que você, iria me matar ou nunca mais iria falar comigo e eu não queria me afastar—quase me deixei levar pelas palavras dela, mas, minha raiva era muito maior, naquele momento.
-Eu não consigo acreditar em você Savannah, a única pessoa que eu deixei aproximar e agora me arrependo de tê-lo feito—disse expressando, toda minha mágoa, e guardei a arma, novamente.
-Não vai atirar?—indagou, confusa e com os olhos cheios de lágrimas.
-Você sabe que, eu não consigo, não em você...—respondi e dei as costas para sair, daquele quarto.
-Lucca, por favor, não vá, me deixe explicar, por favor...—ela implorou com a voz chorosa, mas, eu somente segui meu caminho, sem voltar o rosto, com medo de me deixar levar pelo sua expressão triste.
Eu queria muito que, aquilo não passasse de um pesadelo e que quando eu acordasse, eu encontrasse uma mensagem dela, me convidando para ir em algum dos seus lugares secretos, porém, infelizmente, era a mais pura e triste realidade.
Estacionei a moto á frente de casa, parei um pouco vendo o céu, sem nenhuma estrela aparente, e sentindo a brisa fria que adentrava meus ossos.
A raiva, a tristeza e a mágoa ainda se faziam sentir, muito forte, dentro de mim. Entrei e estava tudo silencioso, então, subi diretamente para meu quarto. Tomei um banho quente e demorado, mas, nem isso foi capaz de acalmar o turbilhão de sentimentos que, eu estava sentindo, no momento.
Vesti uma roupa confortável de algodão e deitei-me na cama, encarando o teto. Meu celular, não parava de vibrar anunciando mensagens da Savannah, por isso, optei por desligá-la. Eu não queria e nem estava com cabeça, para ouvir o que ela tinha para falar, para mim ficou tudo muito claro, ela só queria me usar para conseguir a porra das informações.
Senti a porta sendo aberta, e minha mãe passou por ela. Ela se aproximou de mim e sentou-se, ao meu lado.
-Pensei que, você iria dormir fora. – indagou e analisou meu rosto—O que aconteceu, filho?—ela perguntou cuidadosa e preocupada, ao notar que a minha feição, não era uma das melhores.
Não tinha porquê eu esconder nada dela, ela era minha mãe e nada melhor como desabafar e deixar sair todos essas emoções e sentimentos que estavam me corroendo, mesmo sabendo que eles não iriam desaparecer, tão cedo.
-Eu realmente, achei que ela gostava de mim, mãe—contei e deitei minha cabeça no seu colo sentindo-a, acariciar meus fios de cabelo—ela só queria me usar, mãe. Ela é a merda de uma Croops, e eu nunca nem sequer desconfiei disso, porque para mim, a Savannah que eu conheci nunca que, iria fazer algo do tipo comigo... eu devo ser um cego idiota, mesmo—desabafei, sentindo meu coração apertar.
-Não fique assim filho, no início vai doer muito... uma das piores dores, com certeza, é aquela que sentimos quando somos magoados, por alguém que gostamos, mas com o tempo, você vai tomar isso como um aprendizado que, a vida te concebeu. Nada acontece por acaso, Lucca, mas saiba que eu sempre, vou estar com você.—ela disse, me fazendo sentir melhor nos braços dela.
-Eu me senti, da mesma forma como eu me sentia, a dez anos atrás naquelas ruas, mãe. Porquê está doendo tanto?—perguntei apontando para o meu coração e ela, me deu um beijo na testa.
-Um dia, quando você admitir seus sentimentos, você vai saber o porquê de estar doendo tanto. Eu e seu pai sempre estaremos aqui, por você. Sempre que se sentir assim, lembre-se que terá sempre nossos colos e abraços, nunca te deixaremos sozinho, filho—suas palavras, me deixaram tão confortados, ao ponto de dizer algo que, eu nunca tinha dito antes, para ela.
-Eu te amo, mãe—declarei, olhando-a no fundo dos olhos, vendo uma lágrima escorrer no seu rosto, e um belo sorriso crescer, nos seus lábios.
-Eu também te amo filho, muito mesmo—respondeu, me abraçando e me enchendo de beijos.
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RomanceLucca Hills Enfrentou as ruas chuvosas e frias que o transformaram numa pessoa um tanto quanto revoltado. Mesmo a vida sendo generosa com ele, dando-lhe um novo recomeço, ele nunca foi de demonstrar muito seus sentimentos. Adotado por um pai cuidad...