Moro sozinho há muito tempo e nunca tive medo da escuridão ou de caminhar pelos corredores de madrugada. A casa em que vivo foi dos meus avós e a herdei quando eles morreram. Muitos dizem que é assustadora, com seu ar sombrio, suas obras do século 18 e pinturas dos meus antepassados.
Nunca vi nada demais na casa até que convidei uma mulher com a qual estava saindo para jantar comigo. Ela pareceu o tempo todo incomodada.
— Me desculpe, mas tem uma coisa estranha aqui. — Ela dizia, abraçando os braços enquanto observava a casa — Você não sente?
— Não. — Respondia — O que está sentindo?
— Parece que não estamos sozinhos, não acha? Sinto uma angústia muito grande. Esse lugar tem um ar mais pesado, é difícil dizer.
— Podemos ir ao cinema da próxima vez. — Eu propus, já desanimado, mas o rosto dela estava estranho, não parecia muito à vontade comigo.
— Eu te ligo, está bem? — Ela se despediu e foi embora.
Fiquei ali na porta da casa, aborrecido por perdê-la. Duvidava muito de que fosse me ligar. Comecei a pensar que talvez devesse mesmo me mudar de casa, ou quem sabe devesse parar de enterrar os corpos das crianças que matava naquele terreno.
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Histórias estranhas
HorrorColetânea de contos curtinhos de terror e mistério com finais inesperados