Histórias estranhas

A luz vermelha

Moro sozinho em um apartamento no quinto andar. É um verdadeiro muquifo, muito mal iluminado e barulhento. Pelo preço que pago, não posso reclamar, mas isso aqui parece muito o cenário de um filme de horror.

Ao lado do meu prédio há um outro, onde moram três dos meus melhores amigos. É bom ter essa proximidade, mas é estranho ao mesmo tempo. Costumo ver o que eles fazem e eles também  me veem.

Tudo ia bem até que um deles se declarou para mim há alguns meses. Foi quando nossa relação de amizade acabou de vez. Eu não sentia nada por ele.

Esse amigo, ou ex-amigo, tem me observado pela janela, o que me fez comprar uma cortina blecaute. Creia-me, antes dela eu nunca tinha dormido em uma escuridão daquelas no meu apartamento. Estava habituado às luzes da rua que faziam festa em minhas paredes.

Tudo mudou. Eu deveria ter visto antes, mas como não notei?

É estranho. Quando estamos com insônia e contemplamos a escuridão do nosso quarto, sempre temos a sensação de que algo irá se mexer ou até mesmo que está se mexendo. Pelo menos, para mim, isso sempre foi constante. E para você?

Para melhorar essa sensação, comecei a deixar a cortina com uma pequena abertura para passar a luz, apenas o suficiente para tirar aquela impressão ruim. No entanto, foi quando comecei a pensar que meu ex-amigo estava mesmo me assediando.

Uma luz vermelha, típica de lasers, começou a andar pelo meu quarto. Todas as noites, durante a madrugada, via aquela luz, como uma pequena gota de sangue na escuridão.

Um dia, irritado, acabei discutindo com o meu ex-amigo. Pedi que parasse de me perturbar e ele confessou que andava mesmo me vigiando. No entanto, jurou que nunca havia usado laser algum, mas me disse para tomar cuidado. Aquele apartamento havia assustado antigos moradores por alguma razão.

Óbvio que não acreditei em sua história. Na noite seguinte, acordei outra vez de madrugada e vi aquela luz atras da porta do meu quarto. Me levantei, furioso para abrir a janela e provar que era o meu vizinho me incomodando com um laser. Contudo, antes que pudesse chegar até a cortina, vi que o pequeno ponto vermelho se duplicava. Curioso, dei um passo à frente. Foi então que vi que não eram mesmo lasers. Notei isso quando eles piscaram para mim.