A menina

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Meu nome é Ângela e moro no interior de Minas Gerais com minha mãe. A fazenda em que vivemos é muito antiga, repleta de teias de aranha em suas telhas de barro. Não há vizinhos por perto e nós preferimos assim.

Há anos nós estamos escondidas do marido da minha mãe, que era bastante violento. Ele chegou a me bater tanto a ponto de quebrar o meu braço. Foi quando minha mãe e eu fugimos.

Todas os dias, desde que moramos aqui, as coisas tem sido bem tranquilas, mas vez ou outra sinto calafrios ao pensar que ele possa vir a nos achar. Por essa razão, não gostamos de pessoas perto de nós.

Dia desses, infelizmente, recebemos uma visita. Era um casal e dois filhos, um garoto mais velho e uma menina mais ou menos da minha idade. Minha mãe não disse nada, mas ela também parecia ter ficado com medo deles.

Fiquei olhando a menina. Ela tinha cabelos escuros como os meus e tinha olhos muito curiosos. Ficou xeretando a nossa casa, o que me deixou irritada. Não gosto de gente intrometida.

— Ei, quer brincar? — Ela me perguntou assim que me viu e fiz que sim, mesmo não gostando dela.

Fomos até o quintal, onde havia um balanço amarrado a um abacateiro. A menina se sentou no meu balanço sem me pedir permissão e isso já me irritou de novo.

— Pode me empurrar? — Ela pediu.

Não falei nada, apenas me coloquei atrás dela e comecei a empurrar. Em um instante, no entanto, comecei a ficar furiosa e, em vez de empurrá-la, comecei a girá-la no balanço, enrolando a corda em seu pescoço para enforcá-la. A menina se desesperou e começou a gritar e se debater.

Com o escândalo, a mãe dela ouviu e correu para o quintal, me fazendo parar no mesmo instante. A menina saiu correndo e abraçou a mulher.

— Ela tentou me matar, mamãe.

— Quem? — A mãe da menina olhou bem para mim — Não há ninguém aqui.

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