A janela da casa dos vizinhos é do lado da minha, menos de dois metros de distância. Eles têm um filhinho de cinco anos que sempre acena para mim por trás do vidro. Aceno de volta para ele, mas gostaria mesmo que pudéssemos brincar juntos. Algo me diz que eu não deveria ir lá, mas a vontade de conhecê-lo é maior que tudo.
Um dia eu venci o medo e apareci na porta deles, mas ninguém atendeu. Como não queria voltar para casa e perder a coragem, entrei mesmo sem permissão e fui até o quarto do menino. Eu o encontrei dormindo em sua caminha ao lado de um ursinho.
- Oi. - Ele me disse, bocejando e sorrindo.
No entanto, seu sorriso foi se desfazendo conforme um ódio incontrolável ia crescendo dentro de mim. Pulei em cima do garoto e o sufoquei até a morte. Quando os pais vieram vê-lo, pouco tempo depois, eu os vi entrar, passar por mim e gritar desesperados pelo filho morto.
Tentei explicar porque fiz isso, mas eu mesmo não sei o motivo. Infelizmente, mesmo se pudesse explicar, eles não poderiam me ver. Só as crianças me veem.
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Histórias estranhas
HorrorColetânea de contos curtinhos de terror e mistério com finais inesperados