Helena é uma menina muito organizada. Sua gaveta de meias possui divisórias e ela ordena os pares pelas cores, assim como faz com todas as demais roupas e livros também.
Tudo nela é perfeito. Até mesmo seu cabelo chanel é perfeitamente penteado e alinhado com seu corpo magro e delicado. Helena é uma jovem muito organizada.
O quarto de Helena é todo na cor pêssego. O tom combina com seu estilo romântico. Ela é toda perfeita e até gosta de tomar chá em noites de chuva, como essa.
Helena apenas detesta ler os noticiários. Tem medo de saber os perigos que todos correm. Evita saber dos estupradores e assassinos, porque assim sente que dorme melhor. Ou pelo menos foi o que disse ao telefone com sua mãe minutos atrás.
Quem julgaria Helena? Bem faz ela em ser metódica e muito centrada, indo dormir cedo enquanto os trovões provocam medo em tantas pessoas. Enquanto nas ruas, as pessoas morrem. Isso destoa da perfeição. Não é bom.
Há alguns minutos Helena tomou outro banho, vestiu seu pijama, tomou um chá de camomila e se deitou para dormir. Cada passo milimetricamente pensado. Essa é ela.
É uma boa menina. É sim, eu garanto. Ela tenta ser perfeita a todo momento e dificilmente aceita os próprios erros. Ah, Helena... Não entende que nada pode ser perfeito?
Nesse momento, enquanto a tempestade cai, levanto meu corpo esguio e discreto, saindo de meu esconderijo, no qual fiquei o dia todo a observá-la. Pobre Helena. Tão perfeita, mas nunca olha debaixo da cama.
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Histórias estranhas
HorrorColetânea de contos curtinhos de terror e mistério com finais inesperados