Capítulo 9

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Já dentro do avião, estava sentada na poltrona escolhida, aguardando apenas a decolagem, coloquei meu celular em modo avião e selecionei a minha playlist para poder tocar no meu aparelho e ouvir durante a viagem. 

Não me surpreendi quando vi o jato particular de Daniel, já sabia que ele tem muito dinheiro, ficaria chocada se ele fosse de classe econômica num vôo doméstico. 

Imersa em pensamentos vislumbrando as nuvens e céu azul encantador ao som de Triggered da banda Chase Atlantic, que assustei quando vi quem sentou à minha frente. 

Senhor Mateo, desculpe! - levantei da postura desleixada que estava. 

Por favor, não precisa de me chamar assim, pode me chamar de Daniel. - disse sorrindo. 

Desculpe, posso lhe ajudar em algo? - disse assustada, com a voz um pouco rouca. 

Está tudo bem, só queria conversar um pouco. 

Claro. - retirei os fones de ouvido. 

Gosta de música? - apontou pros fones. 

E quem não gosta. Ouço às vezes para relaxar. - dei um leve sorriso. 

Também. O que estava ouvindo? 

Acho que não conhece, Chase Atlantic, Triggered. 

Já ouvi sim, mas não ouço muito esse tipo de música. Quando era adolescente meu sonho era ter uma banda de rock, mas a vida me mandou pra outro rumo. - disse com aqueles olhos cor de mel brilhantes cheios de saudades.

Nunca pensei. De verdade. 

E por qual motivo a senhorita quis entrar nesse ramo de segurança? Fiquei curioso, é tão bonita e jovem, não entenda mal, mas poderia estar fazendo outras coisas. Sem ofensa. - disse erguendo as mãos.

Tudo bem. Na verdade eu sou formada em Relações Públicas, mas como não consegui emprego na área e meu pai meio que me obrigou a fazer o curso de segurança, aqui estou eu. 

Sei como é, comecei no ramo da arte por causa dos meus pais e acabei pegando gosto pela coisa. 

O que faria se não fosse ator senhor Mateo?

Por favor, não me chame de senhor, me sinto mais velho do que já sou. E respondendo a pergunta, gostaria de ter sido um arquiteto. Quando era adolescente desenhava escondido porque tinha vergonha do que poderiam dizer. 

Mas por que vergonha? 

Eu andava com uma galera rebelde e queria ser descolado, se eles soubessem que eu desenhasse bem e era bom em cálculo, não seria mais da turma deles. 

Foi por isso que seus pais te colocaram na escola de teatro e artes? 

Sim. - disse um pouco amargo.

Li sobre teus pais terem te colocado na escola, mas não sabia gostaria de fazer outra coisa, o senhor nunca disse isso em entrevistas, fizemos uma pesquisa, desculpe. - fiquei envergonhada por admitir que estava investigando a vida dele. 

Eu sei, esse é seu trabalho também. Mas sabe, se eu disser tudo sobre mim para as revistas, que curiosidade atiçaria em alguém para ela me conhecer melhor, assim como estou interessado nela?! - levantou sorrindo. 


Nos últimos minutos da viagem fiquei com aquela incógnita na cabeça. O que ele quis dizer em conhecer melhor? Primeiro, eu, depois ele. De novo, EU, depois, ELE. Ele se interessou por mim? E porquê? Não tenho nada atrativo e não me pareço com nenhuma das modelos com quem ele sai. Vou parar de pensar nessas coisas e focar no meu trabalho, estou aqui pra isso. 

Chegamos no novo destino já no meio da tarde e a entrevista aconteceria num quarto de um hotel diferente de onde ficaríamos hospedados, entendo o motivo, seria melhor para o descanso de toda a equipe. 

Cumprimentamos toda a equipe do programa quando chegamos ao local, estavam todos à postos aguardando apenas a chegada de Daniel que já foi logo para a maquiagem, dessa vez não estava tão animado quanto a última entrevista. 

Deve ser muito estranho você ter que responder perguntas íntimas sobre sua vida pra um desconhecido que pode editar e distorcer suas palavras. Eu estava recostada no canto da sala atrás do Martin e do Roman ao lado dos meninos enquanto ouvia perguntas absurdas e respostas mais absurdas e mentirosas ainda. Vi-a se nos olhos de Daniel que ele estava inventando cada uma das respostas. 

Atenta ao que acontecia, ouvi de relance uma resposta e recebi um olhar que me deixou sem chão. 

Daniel Mateo está solteiro no momento. - disse a entrevistadora a câmera, agora olhando para Daniel - Será que um dia alguém será dona desse coração? Há alguma pretendente em vista?

Bom, digamos que estou curioso em certos olhos negros brilhantes. - falou com um sorrisinho sacana. 

Quero saber quem é ela. Pode nos dizer?

Também quero saber “quem” é ela. 

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