Segurança Particular

Capítulo 24

Finalmente recebi alta já não aguentava mais ficar sentada na cama do hospital olhando para a parede branca ou assistindo programas aleatórios na televisão, devo ter assistido pelo menos umas dez séries diferentes. Além de não aguentar mais a comida sem sal do hospital, eu entendo que é saudável, é uma alimentação equilibrada mas não deixa de ser ruim. Estou com saudade de comer tempero, sal, pimenta, condimentos, doces, batata frita. 

Daniel preparou nossa viagem de avião para a cidade dos meus pais assim que eu estivesse bem para viajar. Fiquei em nossa casa apenas uns dois dias até organizar as coisas, o corte não foi grande, a sutura foi simples e pequena, só tinha que tomar uma lista de medicamentos enormes para dor e inflamação que não prejudicasse o início da gravidez. 

Não consigo acreditar ainda nessa história, não consigo me imaginar sendo mãe, minha vida ainda não havia nem começado direito, além do mais, ainda estamos com pouco tempo juntos. Daniel parece estar bobo com essa história, eu ainda quero acreditar que não passa de um engano do médico. 

Era tão reconfortante ficar olhando as nuvens através da janela do avião que estávamos em direção a casa dos meus pais. Ainda não pensei em como contar a maravilhosa novidade, sim, essa frase contém muita ironia, não estou nenhum um pouco feliz com tudo isso. 

Ei, terra chamando Bia! - Daniel me tirou dos devaneios.

Oi, falou alguma coisa? - respondi ainda aérea.

Não, nada importante, apenas notei que está muito aérea hoje e não é pelo voo. - disse preocupado.

Eu só não estou acreditando nessa história de gravidez. O médico não disse que errou o exame, que confundiu, ou algo assim, enquanto eu estava apagada? - perguntei, minha voz estava tão trêmula de medo que tenho certeza que quase não saiu. 

Não, ele me mostrou o exame e apenas tomou todas as medidas preventivas para preservar o bebê e disse que deve ir no especialista, ou seja, o mesmo que ele disse a você depois quando já estava no quarto. - ele respondeu sério. 

Eu ainda não consigo acreditar nisso. Estamos juntos a tão pouco tempo, além disso, não sabemos como vai ser daqui pra frente, não quero ser mais uma. - disse com os olhos marejados. 

E nem vai ser, vai ser a única. Olha, eu também estou com medo do futuro, mas estou disposto a arriscar tudo. Eu te admiro de verdade como pessoa, mesmo nesse pouco tempo juntos, posso dizer que me apaixonei não por sua aparência, mas pela sua personalidade. Vou cuidar de você, do nosso bebê, da nossa vida juntos. - sinceridade era vista em seus olhos.

Eu não prometo que vou ficar 100% tranquila, mas vou tentar melhorar. - respondi carinhosamente mas sem mascarar o meu medo. 

Por nós e pelo nosso bebê. - ele disse apoiando sua mão grande na minha barriga. 

Assim que chegamos a cidade e estávamos sobrevoando a cidade, meu coração batia freneticamente no peito parece que ia sair pela boca de tanta ansiedade. Rever minha família, receber o amor, carinho e afeto daqueles que sempre estiveram junto comigo, depois de um momento delicado, é a melhor coisa que poderia me acontecer. 

Pousamos e meu coração estava a mil por hora, ainda usando tipóia, eu não poderia dar o tão esperado abraço de urso que queria a muito tempo, mas só de tê-los comigo já me dava forças para retomar minha nova rotina de vida. 

Meus pais estavam me esperando com uma plaquinha com meu nome, achei que essas coisas só aconteciam em filmes e chorei muito ao vê-los. Seus olhos refletiam preocupação e amor. Meu pai segurava um buquê de rosas lindo e minha mãe um ursinho com roupinha azul, isso me fez lembrar um dos motivos de estarmos ali e tenho a certeza que todo o meu sangue evaporou nesse momento, tanto que Daniel me segurou para não cair desmaiada.