Capítulo 7

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Os meninos já estavam no carro quando entrei, Andy desceu e me ajudou a guardar minha mala no porta-malas enquanto Frank aguardava ao volante. Assim que entrei e me ajeitei no banco traseiro, Frank aumentou o som do carro que estava tocando uma música sertaneja atual, não sou muito de ouvir esse estilo, mas até que essa estava boa de ouvir. 

Seguiríamos pela estrada por umas 3 horas de viagem até chegar ao hotel que ficaríamos, como estava fora da empresa, seria primeira vez que veria os meninos conversarem normalmente sobre trivialidades da vida. 

Frank me disse que o carro que estávamos, um Honda Civic preto, era sua última aquisição, depois da moto Triumph Tiger, perguntei de onde vinha tanto dinheiro, já tive moto e sei que apesar de ser um dos bens mais baratos de se ter, ainda sim vai uma quantia boa de dinheiro, e claro que sei que essa moto é uma das mais caras do mercado. Ele me disse que sempre teve reservas e como vive sozinho não tem muito gasto, prefere usar com coisas que ele pode usufruir. 

Já Andy disse que estava guardando para comprar fazer sua casa quando terminasse de pagar o lote no condomínio de chácaras que abriu na saída da cidade, ele até mostrou pra nós pra que rumo ficava quando estávamos saindo da cidade. Foi muito divertido ouvir eles implicarem um ao outro enquanto de fora o sol se punha e o céu estava pintado em tons de laranja, amarelo e azul. 

E você Bia, o que nos diz? - perguntou Frank olhando através do retrovisor. 

Nada demais. Ainda estou tentando me firmar financeiramente nessa cidade, é complicado sair do conforto da casa de seus pais para uma nova vida sozinha. 

Sim, isso é verdade. - respondeu Andy. - Sai da barra da saia da minha mãe tinha 18 anos aproveitando que ela se mudaria para outro estado junto com o novo marido. 

Sério? Caramba. - disse

Sim, sério. Aí fui pra casa da minha tia, fiquei só até arrumar esse emprego e começar a cuidar de mim. Ainda bem que foi rápido. 

Como vocês começaram trabalhar na agência, vocês nunca me contaram. 

Eu conheci o falecido marido da Arieta, fizemos o curso juntos e foi ele que me ajudou a organizar minha vida. - Frank disse ainda concentrado no trânsito.

Não sabia que ela já tinha sido casada. - uma das coisas que admirei nessa mulher foi a discrição na sua vida particular. Nunca a vi abatida ou nervosa para que pudesse descontar em algum de nós.

Ela não fala muito, mas sim. O senhor Marino era um homem muito bom mas rígido no trabalho, ela ajudou ele a criar a agência de segurança e eu fui um dos primeiros a ser contratado. - disse com um leve pesar em seu tom de voz. Era notório que eles foram grandes amigos, não apenas colegas de curso. 

Então o falecimento dele é recente? - disse intrigada com a nova informação.

Sim, ele teve complicações por causa de uma desses vírus loucos que aparecem e acabou não resistindo. Foi a uns 3 anos eu acho. 

Nossa! Que triste. - pesarosa. 

Foi quando eu entrei na empresa, ela ficou muito arrasada, quase não consegui ficar porque ela não conseguia ficar na sala e fazer minha avaliação final. - completou Andy. 

Existe essa avaliação? - fique surpresa, não sabia dessa. 

Não mais, antes era somente o senhor Marino e o Frank como seguranças e ela fazia somente alguns trabalhos externos quando precisava de um rosto mais feminino ou quando as mulheres pediam para que fosse ela a segurança. Então ela que faria a última avaliação. Por um tempo, ficou parecendo que eu ficaria para substituir ele, o que de fato foi pois estava em seu lugar na equipe, mas desvincular a ideia do funcionário e de marido da Arieta, foi bem difícil para ela. - Andy disse essa informação bem sério e com o olhar longínquo pela janela, imagino que estivesse se recordando da ocasião.

Imagino, você construir uma vida ao lado de uma pessoa e ela ser tirada da sua vida dessa forma é muito complicado. 

Sim, mas depois de alguns dias num retiro de meditação e terapia, ela me avaliou como funcionário e não como substituto e cá estou eu. 

Caramba, vocês tem história eihn. 

Que nada, um dia a gente te conta as que temos no trabalho. - Andy começou a gargalhar sem parar.

Nem queira saber. - Frank completou.

Agora me contem, podem começar. - disse animadamente. 


Enquanto eles contavam sobre os primeiros trabalhos e as brigas de casal que tiveram que intervir, amantes e ex namoradas loucas que atacavam os clientes deles nas festas e reuniões, fiquei imaginando se passaria por essas situações e como eram divertidas mas difíceis de lidar. Aos poucos fui reconhecendo essa nova família como minha, eles não tinham mulheres, filhos, viviam para eles e para o trabalho, de uma forma diferente, me senti familiarizada e incluída nessa equação de inúmeras variáveis. Alguns poucos minutos depois e chegamos no primeiro destino. Estávamos alojados no mesmo hotel que o senhor Mateo e seus acompanhantes, mas claro, nosso flat ficava próximo ao dele, já que ele iria passar apenas uma noite, o lugar era confortável e seguro o suficiente para que ele pudesse descansar. 

Enquanto os meninos ficaram num único quarto, eu fiquei com uma suíte somente para mim, assim que guardamos nossas malas, já fomos para o restaurante comer, deveríamos dormir mais cedo porque assim como dormir cedo, acordar mais cedo que o nosso cliente era o correto. 

Conversamos mais algumas trivialidades e voltamos para os nossos quartos descansar, amanhã o dia ia ser bem cheio e cansativo, devo me preparar para qualquer coisa. 

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