Capítulo 4

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Estava novamente no lugar escuro e andando sobre a água, dessa vez as duas versões estavam andando ao meu lado.

- Escolha ser um anjo.- olho para o anjo do meu lado direito.- É tão bom sentir o vento bater no meu rosto e nas minhas asas quando eu estou voando.

- Escolha ser uma loba.- olho para a loba do meu lado esquerdo que falava por telepatia.- sinta a adrenalina de correr na forma lupina.

- Chega vocês duas!- digo e elas desaparecem como fumaça branca, continuo andando sem rumo.

De repente a água fica mais quente quase queimando meus pés.

- Só mais alguns meses senhor, você ficará novinho em folha.- ouvia uma voz mas não conseguia ver ninguém.

- Eu não aguento mais essa fraqueza, não posso nem mais governar direito. Espero que Lilith esteja fazendo tudo certo.- escuto uma voz masculina um pouco grave.

- Saia daqui Angeline!- escuto a mesma voz masculina dos pesadelos anteriores.

Um círculo de fogo se forma ao meu redor, o fogo me consome queimando minha pele, eu gritava de dor.

Abro os olhos e escuto o sinal da última aula tocar, todos já se levantavam pegando suas coisas e saindo da sala.

Não percebi que tinha dormido, estava na última cadeira então o professor nem deve ter percebido.

Quanto me toquei estava sozinha na sala, levanto meu tronco e encosto minhas costas na cadeira. Dessa vez o sonho foi diferente, mas por que? De quem são aquelas vozes?

Coloco meus braços na mesa, sinto uma dor no meu antebraço direito fazendo eu soltar um gemido baixo de dor. Olho para o meu moletom e arregalo os olhos com o que eu vejo.

Parte da manga do meu moletom estava queimada e rasgada, minha pele estava quase em carne viva, com algumas pequenas bolhas de água e ardia.

- Que merda é essa?- digo olhando a queimadura, impossível eu sonhei que fui queimada e acordo com essa queimadura.

Guardo minhas coisas de qualquer jeito na minha mochila e a coloco nas costas.

Saio da sala segurando o braço machucado que ardia.

- Angeline!- olho para trás e vejo Lídia e seus amigos vindo na minha direção.

- Vejo vocês no refeitório, tenho que ir na enfermaria primeiro.- digo e vou andando rápido para a enfermaria.

Chego na enfermaria e uma enfermeira me encaminha para uma maca branca, coloco minha mochila no chão.

- Que queimadura feia, mexeu com fogo durante a aula?- a enfermeira diz examinando.

- Sim.- minto, ela pega um kit de primeiros socorros. Ela corta um pouco da manga do meu moletom para ver o ferimento todo, eu não gostava desse moletom mesmo.

Ela abre o kit e pega um pote com uma pasta verde, ela passa a pasta no meu antebraço em cima da queimadura.

Fazia expressões de dor, já que a pasta também ardia ao tocar minha pele. Depois ela pega uma gase e enfaixa todo o meu antebraço.

- Esse machucado vai sarar daqui a algumas horas ou amanhã de manhã por causa da pomada, tome esses comprimidos antes do jantar para amenizar um pouco a dor.- ela me da uma cartela com dois comprimidos.- Não brinque mais com fogo, essa queimadura foi grave.

Assenti, ela estala os dedos e a manga do meu moletom fica inteira novamente, mas eu a puxo para não tocar na área enfaixada.

Solto um suspiro e me abaixo para pegar a minha mochila.

- Angeline Black?- levanto minha cabeça e vejo uma mulher mais velha.

- Sim?

- Sou senhora Watson, eu treinei a sua mãe quando ela estudava aqui.- ela se senta ao meu lado da cama.

- Ah sim, já vi uma foto sua com a minha mãe.

- Como eles estão?

- Bem.- seu olhar cai para o meu braço.- foi só um acidente.

- Ah bom, qualquer coisa ou se quiser treinar pode falar comigo tá?- assenti e levantei saindo da enfermaria.

No caminho do refeitório, pego meu celular e ligo para a minha mãe.

- Alô?

- Oi mãe.- digo parado de andar e observando o gramado com alguns vagalumes.

- Oi filha, está tudo bem?

- Está sim, você está sozinha?

- Pera aí...- escuto alguns passos e uma porta batendo.- Agora sim, por que?- engulo a minha saliva.

- Mãe, por acaso você tem ou teve visões?

- Tenho às vezes, por que a pergunta?

- Nessas visões aconteceu alguma coisa com você? Ou você viu alguma coisa diferente?

- Bom, eu já falei com a minha mãe quando ela estava no inferno e cheguei a ir no mesmo por um sonho. Mas agora é sério Angeline Black Carter, por que você está perguntando essas coisas?

- Eu sonhei que estava sendo queimada e acordei com uma queimadura no braço.

- Meu Deus filha! Você está bem?

- Estou bem mãe, uma enfermeira já cuidou do problema, não era tão grave assim.- minto.

- Pode ter muitos significados mas você sair queimada, acho que isso nunca aconteceu comigo.

- Não conta para o meu pai, vou tentar descobrir o que houve primeiro.

- Não vou contar. Ele está lá embaixo conversando com seus avós, eles vão ficar aqui até o seu aniversário.

- Tá, qualquer coisa eu te aviso.

- Cuidado filha. Te amo!

- Também.- desligo a ligação.

Começo a andar na direção do refeitório.

"- Eu não aguento mais essa fraqueza, não posso nem mais governar direito. Espero que Lilith esteja fazendo tudo certo."

Lilith, esse nome não é estranho. Já ouvi minha mãe conversando com o meu pai e citar esse nome.

Chego no escritório, pego a minha comida, procuro a onde meus novos amigos estavam sentados e vejo eles na mesma mesa de sempre.

- Oi gente.- digo me sentando.

- o que houve com o seu braço?- Henry pergunta.

- Não sei ao certo, mas estou bem agora.- bebo água junto com os comprimidos que a enfermeira disse.

Jantamos conversando sobre o nosso dia mas eu nem prestava atenção, estava com a cabeça em outro lugar.

A filha do supremoOnde histórias criam vida. Descubra agora