Capítulo 16

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Estava no meio da aula, não falei nenhuma palavra dês de ontem com Lídia, nem ela veio falar comigo.

É estranho imaginar outra pessoa no corpo de Lídia.

Estava guardando o meu material, quando a voz de Castiel veio na minha cabeça.

" Essa casa fica no meio de uma floresta, pode se transportar para lá. Já desenhei a armadilha, agora tenho que voltar para o céu antes que deem falta de mim. Boa sorte Angeline."

A localização da casa e a imagem dela vieram na minha mente. Saio da sala como um flash.

Depois de guardar os livros e cadernos no meu armário, coloquei o diário dentro da mochila.

- Angel.- me viro e vejo Raphael.- Quer me acompanhar até a Cúpula?

- Desculpa Raphael, Eu tenho que falar com Lídia sobre um assunto. Deixa para depois.- fecho meu armário e ia começar a andar, mas Raphael pega meu pulso me virando e da um selinho nos meus lábios.

- Até depois.- ele da um sorriso fraco e sai andando depois que soltou meu pulso. Fico alguns segundos tentando processar o que houve então volto para a realidade a procura de Lídia.

Acho ela conversando com outras amigas na frente da sua sala.

- Oi Lídia.

- Oi Angeline.- ela diz depois de se despedir das suas amigas.

- Preciso conversar com você, está livre?- ela assentiu.- Que bom.

Passei meu braço sobre o seu ombro e nos teletransporte para a casa abandonada no meio da floresta.

- O que a gente tá fazendo aqui? - faço ela entrar primeiro na casa e fecho a porta.

- Só quero conversar a sós com a minha amiga.- quando me viro sou arremessada até a escada de madeira que tinha na casa, a escada acaba quebrando. A mochila amorteceu minhas costas mas senti minha cabeça latejar.

Ouvi uma risada maligna diferente da de Lídia, levanto a cabeça e vejo Lídia vindo na minha direção com os olhos todos pretos.

- Finalmente percebeu o meu disfarce, anjinho. Tão indefesa, nem sabe usar todos os poderes ainda.- ela para de andar e olha confusa, ela faz menção de voltar a andar mas não conseguia sair do lugar.

- Acha mesmo que eu viria despreparada?- olho para o teto, a armadilha do diabo estava desenhada em tinta vermelha.

- Esperta, mas ainda é fraca igual a essa garota. Lídia é muito inocente, muito boa, por isso foi tão fácil possuir ela na noite que você deixou o internato.- me levanto enquanto o demônio falava, aponto minha mão para o demônio e faço um movimento para baixo. Lídia fica de joelhos e se movendo enquanto tentava se soltar das cordas invisíveis.

Tiro a mochilas das costas e pego a garrafa de água benta que eu trouxe, sabia que demônios não suportavam água benta então eu trouxe três garrafas só por precaução.

O demônio me olhava com raiva enquanto eu me aproximava, me agacho ficando da altura dele em uma distância boa.

- Por que você está aqui? O que quer comigo?- o demônio ri e eu jogo a água em seu rosto, ele solta um grito de dor.- Responda!

- Qual é a graça? Todos vão morrer no final.- jogo mais água.

- Você é informante de Lúcifer? Contou a ele sobre a minha existência e minha escolha?- o demônio apenas sorri e eu jogo mais água.- É claro, porque eu não pensei nisso antes.

- Meu mestre está ficando forte, está com tanta raiva que o inferno está mais quente que o normal.

- Ele está com raiva da minha mãe.

- Ele foi humilhado por uma arcanjo insignificante.- jogo mais água para ele calar a boca falando da minha mãe.- Os quatro já foram liberados, já estão com seus pertences e fazendo o caos.

- Quatro? Quem são eles?

- Pensei que todos os anjos conheciam eles.- fiquei olhando o demônio enquanto pensava, arregalo os olhos quando percebi o que se tratava. Jogo mais água na cara dele, Lídia iria me perdoar depois.

Os quatro cavaleiros do apocalipse.

- Meu mestre vai adorar te matar, matar a sua mãe e o traidor.

- Traidor?- o demônio fechou a boca enquanto virava a cabeça para o lado, sabia que ele não ia falar, apenas virei o resto da garrafa no seu rosto.

Vou para a mochila e pego o diário, coloco na página do exorcismo.

- Vai me exorcizar a moda antiga? Sem os seus poderes angelicais?- o demônio falava com deboche.

- Exorcizamus te, omnis immundus spiritus,
omnis satanica potestas, omnis incuriso infernalis adversarii...- o demônio apenas ria, não estava dando certo.

- Mais fraca que eu imaginei.

- omnis legio, omnis congredatio et secta diabolica, Ergo...- falei mais concentrada e o demônio parou de rir, indo para a frente.- Perditionis venenum propinare. Vade, satana,
inventor et magister omnis fallaciae. Hostis humanae salutis.

- Não!- sua voz saiu mais assustadora do que antes, ele gritava e se contorcia mais tentando sair das cordas invisíveis.

- Humiliare sub potenti manu dei. Contremisce et effuge.
Invocato a nobis sancto et terribile nomine. Quem inferi tremunt...- digo com mais força e levantando a voz. Uma fumaça preta começou a sair da boca de Lídia com brutalidade e ia até o teto ocupando todos os cantos da armadilha.- Ab insidis diaboli, libera nos, domine. Ut ecclesiam tuam secura tibi facias,
libertate servire, te rogamus, audi nos.

Toda a fumaça preta sai de Lídia, seu corpo desmaiado cai no chão. A fumaça preta some por completo segundos depois, de volta ao inferno.

Caio de joelhos ofegante, com cansaço e dor de cabeça. Queria desmaiar mas não podia, não agora.

- O primeiro anjo a fazer um exorcismo tradicional.- digo a mim mesma respirando com dificuldade.

- A..Angeline?- olho para a direção da armadilha e Lídia abria os olhos.- Como eu vim parar aqui? Ele foi embora?

Desfaço as cordas e Lídia sai da armadilha.

- Foi horrível, ele me deixava inconsciente toda hora, ele controlava o meu corpo. Estou faminta e por que eu estou molhada?- fala olhando seus cabelos molhados.

- Você vai ficar bem, ele já foi embora.- digo me levantando.

- Você que expulsou ele?- assenti.- Ainda bem que eu tenho você como amiga, obrigada Angeline.

- De nada.- pego a mochila e guardo as coisas.- Vamos embora daqui.- pego no seu ombro e uso o resto das minhas forças para voltar ao internato.

Eu só queria deitar o meu corpo e descansar, estava com um cansaço enorme como se tivesse sugado minhas energias.

Estávamos no gramado do internato, o pôr do sol já se iniciava. Lídia foi para o dentro para comer algo e ir na enfermaria ver se estava tudo bem.

Vejo Raphael deitado na grama vendo o pôr do sol igual a alguns alunos, o céu estava ficando com o tom alaranjado, meio rosa e azul, uma mistura de cores.

Coloquei a mochila no chão assustando o mesmo.

- Angel! Tudo bem?- ele se apoia nos cotovelos.

- Só estou cansada.- deito na grama seca e faço a mochila de travesseiro. Raphael se ajeitou ao meu lado e começou a fazer cafuné em meus cabelos, minha cabeça cai no seu ombro e acabo tirando um cochilo.

A filha do supremoOnde histórias criam vida. Descubra agora