"Dois anos e é assim
Minha cabeça ainda me leva de volta
Pensei que tivesse acabado, mas eu
Acho que nunca realmente acabou."Never really over – Katy Perry
Alexia
Em algum momento da vida chega à hora em que uma mulher precisa desesperadamente parar e respirar. Aquele momento ainda não havia chegado para ela.
Alexia segurava um bloco de nota em suas mãos enquanto observava a exibição de peças feitas para a próxima edição. Modelos altamente belas e magras desfilavam vestidas nas mais altas costuras que seus olhos poderiam ver. Catrina Hughes, a criadora dos modelos daquela temporada e o nome mais cobiçado atualmente da profissão, assistia a tudo com um brilho orgulhoso nos olhos, e se a perguntassem ela diria que deveria ser assim que Domenico Dolce e Stefano Cabbana deveriam se sentir ao ver seus modelos das páginas para o mundo.
Devia ser a melhor sensação do mundo.
Claro que sua mente aguçada via uma troca ou outra de cominação que particularmente faria e seu cérebro trabalhava desfazendo tecido por tecido e substituindo broches por fivelas. Sua chefa coordenava com tudo, mas Alexia se pegava pensando como seria combinar aquela bota com um tecido mais escuro.
Claro que após sua entrevista esses momentos, em que às vezes se permitia sonhar acordada sobre como poderia estar colaborando para o mundo da moda, aumentaram, e por diversas vezes se pegara rabiscando sua agenda ou até mesmo alguns papéis com novas ideias. Seu peito estava cheio de esperança, há muito não se sentia daquele jeito.
Os entrevistadores pareciam felizes com seus conceitos de moda alternativa, mas depois de uma semana sem resposta ela começava a pensar se tinha mesmo impressionado.
— O que acha? Alexia?
Diana a tirava de sua nuvem de preocupação a trazendo de volta a realidade.
Inconscientemente desenhara o esboço do casaco que vira na passarela, mas com algumas alterações.— Desculpe, disse algo? — falava meio envergonhada escondendo seu desenho com pressa.
— Perguntei se gostou das galochas.
Qual o lance dela com galochas? É algum fetiche? Chanel deve estar se revirando no túmulo.
— São... diferentes.
Por falta de adjetivo melhor seria aquele mesmo. Catrina despencara no seu conceito.
Diana pareceu feliz com o suposto elogio voltando a atenção as modelos.Como alguém poderia não amar aquilo? Não amar moda? Sem ela o mundo seria cinza e triste.
Ter seu próprio estilo, se vestir e expressar quem você realmente é sem precisar dizer absolutamente nada. A moda é feita para libertar e permitir ser quem se é de verdade sem julgamentos. Era um estilo diferente de arte que deveria ser apresentada sem os tais padrões de beleza. A moda deveria ser algo para unir pessoas de vários estilos e era isso que ela queria um dia fazer. Uma coleção sem padrões, pois você é o seu padrão.
Quando ela descobriu aquele mundo se jogou de cabeça. Tudo graças a sua avó, uma costureira de mão cheia, que ganhara a vida e criara seus filhos com aquela profissão.
Lembrava até hoje da primeira vez que pregara um botão de um vestido. Espetara tantas vezes os dedos que cogitara desistir, mas sua avó sempre estava lá para enxugar suas lágrimas e beijar seus machucados.Moda é isso. A essência de você mesmo, o caminho que percorrera para chegar até ali e as pessoas que o carregaram por ele. Mas aquilo que Diana fazia não, era corporativo demais, não tinha sentimentos envolvidos.
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No lugar certo (pausado)
RomanceTudo o que ela queria era esquecer e seguir em frente. Quando Alexia deixara Londres com a certeza de nunca mais voltar ela não contou com o que a aguardava. Depois de cinco anos a vida não era nada do que planejara. Seu emprego não era o que tanto...