Capítulo 5

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"O que você quer acreditar
Tudo o que sei é que é tarde demais para eu fazer você mudar de ideia
O que você quer acreditar
Eu vou deixar, deixar você decidir"

I am - James Arthur

Alexia

Ela se remexia preguiçosamente entre seus lençóis macios. A luz do sol entrava em seu quarto pela fresta da janela a fazendo gemer em desconforto. Alexia abria os olhos devagar, estava difícil mantê-los assim. Em sua cabeça tinha certeza que seu cérebro fora substituído por uma britadeira. Ela latejava muito e parecia que até seus fios de cabelo sentiam dor.

Eu nunca mais irei beber. Ao rolar seu corpo estendia a mão na tentativa de encontrar seu celular e ver as horas. A única coisa boa daquilo tudo era que não teria que tentar disfarçar sua ressaca no escritório. Pelas graças do destino era sábado. O que teoricamente significava um dia de folga. Para uma mulher com uma renda confortável, com disposição dos serviços de uma diarista e que não tinha Diana Pierce como chefe, sábado e folga eram sinônimos.

À medida que se levantava se repreendia cada vez mais pela sua total irresponsabilidade. Sair em plena sexta-feira e voltar para casa carregada bêbada. Onde estava com a cabeça? Não era mais uma universitária. Agora era m...

Com pequenos flashs sua memória começava a voltar. Fora assim que viera parar em sua cama, ela havia sido carregada e logo por Ryan. De imediato sente suas bochechas esquentarem. E se alguém do seu prédio tivesse visto aquela cena? E se a denunciasse para a assistente social? Será que havia dito alguma coisa a ele? Será que falou muito besteira? Ela gemia em frustração quase como um choramingo.

No espelho do banheiro via a cena da total tragédia a fitando de volta. Estava pálida demais e ao redor de seus olhos parecia que sua maquiagem derretera. Podia muito bem fazer um teste para ser o quinto integrante da banda Kiss.

Ainda vestia a mesmas roupas do dia anterior. Um ponto positivo, Ryan não a trocara. Ao cheirá-las uma careta transformava sua face. Era um misto muito forte de cerveja, fumaça e perfume cítrico.

Usando um pouco mais de força do que o normal enfim consegue retirar todos os vestígios do que um dia fora uma maquiagem perfeita. Colocava dois comprimidos de analgésicos na palma da mão para em seguida ingeri-los.

Em sua cabeça a noite anterior era feita de vários espaços em branco. Lembrava bem do momento em que Ryan a colocara na cama, mas não se lembrava dele indo embora.

Vagarosamente seus dedos se desprendiam de seus cabelos, na tentativa de arrumá-los, e escorriam pelo seu pescoço em um toque leve das pontas dos mesmos. Logo a imagem da própria pele era substituída pela de outra pessoa, uma com barba e um sorriso diabolicamente desconcertante.

E se ele não tivesse ido embora? Aquela hipótese a assustava.

Ao olhar para o lado oposto ao seu da cama a encontrara desarrumada. Aquilo não podia ser bom sinal. Receosa se debruçava sobre o travesseiro e inalava seu odor. Um cheiro cítrico invade suas narinas. Conhecia aquele perfume. Aquilo com toda certeza não era bom sinal.

Afastava qualquer tipo de lembrança que levasse seu cérebro a imaginar Ryan Davis e ela na cama juntos enquanto seus corpos se prendiam um no outro. Mas por que era tão difícil? Até parecia que queria que aquilo tivesse acontecido. Era o álcool ainda em suas veias falando. Só podia ser.

Enquanto caminhava pelo corredor buscava por algum sinal de sua companhia indesejada e para sua total felicidade e alivio não havia nada. Estava começando a achar que imaginara tudo aquilo, que na verdade Ryan a deixara na portaria e ela fora até ali sozinha. Na sala quando se certificava de que realmente ele era apenas sua imaginação consegue respirar aliviada. Se Ryan não estava ali significava que seu segredo ainda estava bem guardado.

No lugar certo (pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora