Capítulo 17

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"O que um homem tem que dizer?
O que um homem tem que rezar?
Para ser seu último boa noite
E o seu primeiro bom dia?"
What a Man gotta do – Jonas Brothers

Ryan

─ "Comunicação permanente. É importante que o homem escute a mulher, que a deixe exprimir seus sentimentos e temores e que apóiem mutuamente..."

​Luke interrompia a leitura dizendo:

─ Cara. Quem escreveu esse livro? A Oprah?

─ "O papel do pai no período de gestação é fundamental, tanto para o bem-estar do bebê quanto para a estabilidade emocional da mãe."
─ Ryan ignorava o mau humor do melhor amigo e suas interrupções.

​Chovia lá fora e as gotas grossas castigavam o vidro da janela do apartamento dois andares abaixo do seu. Estava um clima ótimo e extremamente convidativo para se aconchegar no sofá e ver um bom filme, ou quem sabe ler um bom livro, ou até mesmo se perder embaixo de uma coberta com uma bela mulher. Tudo seria melhor do que passar a noite de sexta-feira lendo "O guia para pais de primeira viajem". Ler aquele livro era torturante, estavam naquilo há duas semanas e ainda não havia levado a nada. O péssimo humor de Luke também não colaborava.

​Quando seu amigo lhe pedira ajuda não sabia o nível de tédio que teria que superar.

─ Estabilidade emocional da mãe? ─ Luke se exaltava ─ Cara e a minha? Emily está me deixando louco e esse criança ainda nem nasceu. Outro dia ela literalmente socou minhas bolas no meio do curso preparatório para pais, apenas porque a critiquei quanto às dores do parto. ─ Não se contendo, Luke se levanta do sofá e começa a andar de um lado para o outro. Desde que chegara estava inquieto ─ Aquela mulher é completamente maluca.

─ Ela é, mas não diga isso a ela. ─ Bufando seu amigo vai até a cozinha voltando com duas cervejas geladas. ─ Acredito que o autor esteja querendo dizer algo como: "Grávida feliz, bolas felizes."

─ Esse livro não faz a porra de sentido nenhum.

─ Então porque estamos fazendo isso mesmo? ─ dizia deixando o livro de lado e abrindo sua cerveja.

─ Porque a Emily acha que eu não consigo.

─ Então estamos passando pelo tédio completo por causa do seu orgulho ferido?

─ Ela me desafiou e você sabe como sou competitivo. ─ Virava toda a cerveja de uma só vez ─ Na aula da semana que vem quero que ela veja o quanto consegui evoluir, quero mostrar a ela e aquele bando de mães modelos que sou capaz de qualquer coisa, até mesmo sobreviver ao humor do inferno dela.

─ Cara é só pegar o livro e ler, não precisa de mim pra isso.

​Luke senta-se na poltrona de frente a ele. Seu olhar perdido fitava a nova garrafa já pela metade nas mãos. Autoconfiança sempre fora o ponto forte do seu amigo, então vê-lo daquele jeito o assustou um pouco. Estava pálido e suas mãos tremiam ao redor do vidro suado.

─ Você está com medo não é? ─ Ryan perguntava.

─ Medo? ─ Ele despertava ─ Estou apavorado. Eu... ─ Respirava fundo ─ Não consigo fazer isso sozinho.

─ Porque não pede ajuda a Emily?

─ Prefiro que minhas bolas caíam a ter que fazer isso. Não vou dar esse gosto a ela.

─ Apenas não sei se sou a pessoas mais indicada para fazer isso. Não tenho filhos e nem sou obrigado a conviver com uma grávida com tendências a castração.

No lugar certo (pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora