Capítulo 19

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"Nós ainda somos bons juntos
Mesmo nas nossas piores noites."

Still good - DNCE

Alexia

​Ryan segurava um pacote de brócolis congelado sobre a testa machucada. Estava calado há muito tempo. Um tempo recorde, ela ousava pensar.

​Depois que saíram do clube, ele se recusara em visitar um médico, alegando que estava bem melhor. Ela não poderia deixá-lo sozinho depois de perder a consciência, mesmo que por alguns segundos. Então o levara para sua casa.
​Não sabia o que dizer. Nunca o vira daquele jeito antes. Ele estava nitidamente emburrado sentado no sofá e cada vez que pressionava o pacote com mais força, gemia em desconforto.

— Eu odeio esportes. — ele dizia ao gemer.

— Vocês são muito competitivos.

— Eu nem sei por que ainda tento. Ele sempre ganha mesmo. — Não olhava para ela. Parecia que na TV desligada estava seu consolo.

— Ryan. Ele não ganhou. Você se distraiu por um segundo e ele se aproveitou da situação, como sempre faz. Mas você devia ter me deixado jogar. Então teríamos conseguido.

— Obrigado por dizer que não sei jogar, senhorita "sou melhor que Roger Federer".— dizia com sarcasmo.

​Alexia suspirava fundo.

— Me expressei mal. Desculpe. Mas... — Ela segue até ele sentando-se ao seu lado.

— Lex eu não preciso de mais humilhação. Já está de bom tamanho isso aqui.— Apontava para própria testa — Todo mundo viu que eu vou ser sempre o segundo. — Suspirava derrotado.

​Ela se aproximava mais dele segurando um novo pacote de brócolis congelado.

— Você não é. Isso é o que ele quer que você pense. Você, Ryan... — Apoiava a mão livre do braço dele — Você é incrível, inteligente, tem um ótimo senso de humor. Seu irmão não é metade do homem que você é.

— Está me dizendo isso só para me animar.

​Alexia tocava a mão dele sobre a testa, seus corpos bem próximos um do outro. Aquele contato faz com que enfim ele a olhe nos olhos, e então ela vê o quanto aquilo tudo o machucou. Não somente no exterior, a ferida maior estava lá dentro.

— Estou falando sério e se contar isso a alguém eu irei negar.— Retirava o pacote das mãos dele, já estava todo derretido — Deixe-me ver isso aqui.

​Alexia franziu o cenho. No centro da testa dele havia uma mancha variando entre tons de vermelho e roxo e uma pequena protuberância já começava a saltar. O galo ali ia ser feio.

— Está tão feio assim?

​Afastava os fios loiros da testa. Não tinha aquele tipo de contato mais íntimo com ninguém, além do seu filho, há anos.

— Está horrível. — dizia ela fazendo-o sorrir pela primeira vez.

— Você acha mesmo tudo aquilo sobre mim?
​Ela confirmava. Seus dedos ainda acariciando os fios loiros.

— Então... O que aconteceu com a gente? — perguntava ele.

​Seus batimentos oscilavam a deixando sem fôlego.

— Eu... — Suas palavras a engasgavam em sua garganta— Eu... Cometi muitos erros.

— Uma briga tão boba. E olha o que ela fez com a gente.

​Segurava para não chorar.

​Colocava o novo pacote de congelado sobre a testa dele fazendo-o segurar no local ferido.

No lugar certo (pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora