Capítulo 9

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Jimin

"Acaba de arrumar o resto se faz favor" a Areum diz-me virando-me as costas e seguindo para o quarto. Puxo o meu cabelo para trás e respiro fundo, ela sabe-me tirar do sério como ninguém. A minha respiração é pesada e consigo sentir a pulsação nas veias do meu pescoço sem sequer tocar, odeio-me neste momento. Odeio por tudo o que lhe disse, o meu mundo parou quando a vi chorar por minha causa, isso foi o que mais me deixou furioso, só me apetecia abraçá-la e pedir desculpa. Mas não o vou fazer, ela não passa de uma pita mimada que se mete em tudo e apesar de me sentir mal pode ser que ela aprenda.

Arrumo o resto dos pratos nas prateleiras e apanho os estilhaços de vidro do copo que atirei contra a parede. Por que raio é que fiz isto? Nunca me passei a este ponto, mas esta miúda tira-me do sério, parece que tem controlo sobre mim e isso não me agrada. Sentei-me no sofá a pensar em toda esta confusão, primeiro a carta da universidade, depois a Areum... a minha vida está um caos desde que saí do exército e não sei por onde começar? Devo ir para a universidade? Devo seguir o conselho do Taehyung e tentar entrar numa companhia de idols com ele? A minha cabeça está a mil e sinto que a qualquer momento pode explodir.

Vou até ao meu quarto e sento-me na cama com o meu bloco de notas aberto, mas a minha concentração está do outro lado da porta. Vou até à casa de banho e molho a minha cara, quero entrar no quarto dela, quero-lhe pedir desculpa e dizer que fui um estupido. Encosto o meu ouvido à porta e para além dos soluços consigo perceber que ela está a falar com alguém ao telefone. Jun...

Volto para o meu quarto e rabisco no meu caderno, escrevo tudo o que sinto e espero conseguir formar uma boa letra com isto. Nada resulta, não a consigo tirar da cabeça e escrever sobre ela é ainda pior. Desço à sala de baixo e danço, danço para tirar toda a raiva de mim, para me libertar dos pensamentos sobre a Areum, sobre a escola de artes, sobre a agência nada. Preciso de falar com o Tae, ele vai-me ajudar. Pego no telemóvel e ele atende ao primeiro toque

"Hey. Preciso de falar contigo, podes passar cá por casa depois de almoço?"

"Sim, tudo bem. Passa-se alguma coisa?" o seu tom é calmo, mas consigo perceber a sua preocupação.

"Sim. Vai estar"

Dou por mim a decidir qual a melhor forma de libertar o stress, dançar ou esmurrar o saco de boxe vermelho pendurado do teto. Meto a música no máximo volume possível e distraio-me, liberto todos os pensamentos através da dança, a minha figura no espelho mostra-me que estou pior que aquilo que pensei. Os meus olhos estão vermelhos e ardem, as minhas maças do rosto estão vermelhas, penso porque sou assim para ela. Porque é que ela é assim para mim? Eu sei que sou sensível e meigo, mas para ela sou exatamente o contrário.

Raiva borbulha dentro de mim, ao ponto de visualizar a cara do Jun no saco de boxe que bato com toda a força que tenho, os meus lábios sangram devido à mania de me morder quando estou irritado, as lágrimas ameaçam cair a qualquer momento e sinto que só estou a piorar a situação. Sento-me no chão e respiro fundo, tenho de meter as ideias no sítio e concentrar-me no importante. Quero dançar e poder atuar no meu futuro, a agência seria uma ótima oportunidade, mas não devo desperdiçar o facto de estar dentro da universidade que sempre quis entrar... contudo, não sei qual seria a reação do meu pai e o medo de falhar é o maior obstáculo que tenho. A palma das minhas mãos soa só de pensar no facto de falhar, dou um golo na minha garrafa de água, limpo a cara e volto a meter dançar, dou tudo o que dou. Não posso desistir, aquilo que eu quero depende mim e sem esforço não vou chegar a lado nenhum.

"Jimin" ouço uma voz feminina chamar por mim antes da porta se abrir, "Desculpa querido, não te queria interromper" a Emma diz com um sorriso caloroso enquanto espreita para a sala.

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