Capítulo 21

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O resto da semana passa lentamente, mais que aquilo que desejava. No outro dia acompanhei o Seiji até casa e lamentei profundamente o encontro dele e do Jun, desde aí que não falo com o rapaz por quem penso ou pensava estar apaixonada. Ele tem tentado ligar, mas tenho ignorado as suas chamadas e mensagens, ainda não sei como me sinto em relação ao que vim a saber no nosso último encontro.

O Jimin não me dirigiu uma única palavra desde o episódio no meu quarto e os únicos momentos que partilha perto de mim são as refeições, de resto nem consegue estar na mesma divisão que eu. Por muito que me custe sinto a falta de o Jimin me chatear e me aborrecer a toda a hora. Sábado de manhã, rebolo da cama para fora e desço as escadas para tomar o meu pequeno-almoço. A serendipity brinca com um novelo de lá em cima do sofá e música vem do piso de baixo, o Jimin já está acordado a esta hora?

Sento-me ao lado da gata e brinco um pouco com ela. Ela morde os meus dedos com os seus pequeninos dentes enquanto toda a minha mão segura a sua cabeça e a faz rolar. Ligo a televisão de modo a não me sentir tão sozinha enquanto faço o meu pequeno-almoço. A louça suja no lavatório dá-me a ideia de que os meus pais já saíram, decido fazer um bolo rápido na caneca e acompanhar com um copo de leite. Misturo os ingredientes e a minha cabeça viaja até ao rapaz que se encontra na sala de baixo, mas sou puxada de volta à realidade com o som do micro-ondas.

Quando estava no Reino Unido passava maior parte do tempo sozinha ou ocupada, nunca sentia realmente a falta de ninguém. Aqui parece diferente, sou a minha companhia na solidão, sou a minha companhia em todas as horas, mas sinto-me longe de mim. Pego nos meus livros e revejo toda a matéria, perco me nas leis em direito constitucional e nos números do livro de economia e não dou pelo tempo passar até que o Jimin passa por mim em direção à cozinha apenas com umas calças de fato de treino vestidas.

Por entre a divisão das tábuas que dividem a sala de jantar da cozinha vejo-o encher um copo com água e beber todo de uma vez. Devo falar com ele? Retomo a minha atenção para os estudos e tento ignorá-lo. O seu comportamento irrita-me, a sua atitude irrita-me mais que alguém possa imaginar. Ele pousa o copo no lava-loiças e pousa as suas mãos na bancada enquanto recupera o folego, os seus músculos sobem e descem em sintonia com a sua respiração e engulo em seco enquanto perco o meu olhar na sua pele pálida.

O seu corpo volta-se de repente na minha direção e eu finjo estar ocupada a olhar para o nada. O meu coração bate mais depressa e os nossos olhares cruzam-se pela primeira vez em 3 dias.

"Vou preparar o almoço. Queres alguma coisa em específico?" pergunto sem pensar.

"Não vou almoçar" ele diz rispidamente e abandona a cozinha. Arrependo-me imediatamente de ter feito a pergunta e rogo pragas a mim própria por ser tão estupida. E por ele ser estupido, e por eu o odiar. Quero falar com ele, mas a minha raiva toma conta de mim. Pego no meu telemóvel e ligo à Sarah.

* Olá *

* Hey. Desculpa nunca mais ter dito nada, ando sem tempo para fazer o que quer que seja sem ser estudar e dormir*

* Tudo bem. Olha estava a pensar se querias ir almoçar, mas não deves ter tempo* brinco com a caneta riscando uma folha em branco.

* Claro que sim. Só preciso de mais algum tempinho. Daqui a 2 horas no salão de jogos?* ela pergunta e melhora o meu dia substancialmente.

*Combinado* sorrio.

* Está tudo bem? Podemos ir às compras depois, pareces estar a precisar de te animar*

* Estou a precisar sim*

Rapidamente mando uma mensagem à minha mãe a informar que não almoço em casa. Dirijo-me ao quarto e preparo uma roupa confortável para vestir depois do meu banho. Demoro tanto tempo quanto consigo com o meu corpo imerso em na água da banheira, quando chegar a casa definitivamente preciso de ir ao estúdio descarregar a raiva no saco de boxe.

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