Os meus nervos estão à flor da pele, porque é que o Jimin insiste em falar sobre a noite passada? A porta atrás de mim é fechada com força, para ser aberta momentos depois por um Jimin humilhado e irritado.
"Jimin, sai. Por amor de deus, tens de parar com isto" digo-lhe mantendo a distância dele.
"Para com o quê?" ele diz nervosamente.
"Com isto. Já te disse que não me sinto atraída por mim! Não sou como as outras raparigas que tu conheces, e os nossos pais estão juntos! Qual é a tua ideia?"
"Tu não percebes!?" ele diz irritado. Os seus olhos não são doces e meigos como das outras vezes, a sua expressão não me acalma como antes, deixa o meu coração acelerado. E a medida que os espaço entre nós se fecha, eu só quero fugir para não errarmos mais.
"Diz-me" eu digo calmamente. Definitivamente eu não posso beber perto dele, os meus olhos movem-se entre a sua clavícula, os seus lábios e os seus olhos e dou por mim a querer que ele se aproxime mais. Desejo voltar a sentir o cheiro do seu perfume bem de perto, os seus lábios nos meus e a sua mão a puxar-me para junto dele pelo meu pescoço enquanto o seu polegar acaricia a minha bochecha. Os meus olhos encontram os seus e tudo o que sinto é culpa.
Não devíamos ter passado o dia juntos, foi má ideia. Não nos devíamos ter beijado, isto é errado. Ele caminha lentamente para mais perto de mim e eu tento afastar-me até que as minhas costas batem na parede. A sua mão chega devagar ao lado da minha cara e ele prende um cabelo solto atrás da minha orelha antes dos meus olhos encontrarem os seus. O meu coração palpita cada vez mais depressa a cada segundo, a cada milímetro que ele esteja mais perto. A língua de Jimin passa pelos seus lábios quando ele passa o polegar de forma carinhosa pela minha cara e eu engulo em seco. Acho que preciso de mais um copo de vinho.
"Eu sabia que não eras esperta. Mas não sabia que eras burra" ele diz e o meu coração para momentaneamente. Ele sorri falsamente e deixa-me sozinha com a minha desilusão.
Estou fora da cama mesmo antes do despertador tocar. Passei toda a noite praticamente em branco, depois do que o Jimin me disse não voltei a sair do quarto. Com o álcool a circular-me no sangue, dei por mim a pensar e desejar coisas que não devia. Toda a noite os meus pensamentos se dirigiram para o rapaz do quarto ao lado, por momentos, quando ele disse que não me queria gozar comigo e quando disse que eu não percebia, um click fez-se dentro de mim. Sinto que ele não disse aquilo que realmente queria dizer. Como é que chegamos a este ponto? O meu ódio por ele parece crescer a cada dia e sinto que perco o controlo sobre mim, quando se refere a ele. Estou perdida.
Saio do quarto e toda a casa ainda está em silêncio. O sol entra pelas janelas encadeando-me um pouco, mantenho um olho aberto enquanto tento descer as escadas sem cair. A mesa está limpa e a loiça está nos lava loiças, espero que tenha sido o Jimin a limpar. Meto mãos à obra, lavo e arrumo tudo o que sujamos ontem, incluindo levar o lixo para fora de maneira a que não vejam a garrafa de vinho que esvaziamos ao jantar.
Corro a porta de ligação para o jardim e sou confrontada com uma leve brisa de ar frio. Verifico se os animais estão confortáveis dentro da caixa e tapo-os, confortando a Serendipity nos meus braços, contudo não sei se a estou a confrontar a ela ou a mim.
"Bom dia" o Sang diz por trás de mim assustando-me.
"Bom dia" digo pousando a gatinha junto à mãe.
"O que é que vocês andaram a fazer ontem à noite?" ele diz-me referindo-se a mim e ao Jimin enquanto olhar para a caixa no chão.
"Não fizemos nada. Quando chegamos a casa a gata estava ali com os bebés. O Jimin ficou de levá-los para algum sítio, mas queremos ficar com um. E vocês?" digo.
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Serendipity Pt
FanfictionAreum é uma jovem bem resolvida que vê a sua vida dar uma volta de 180º a partir do momento que é obrigada a mudar-se para o outro lado do mundo. Com a nova vida, vem um novo "irmão", a sua relação é uma montanha russa, altos e baixos, discusões e d...