Capítulo 21: Montanhas Três Lobos

629 83 52
                                    

AS MONTANHAS TRÊS LOBOS surgiram diante deles por volta do meio-dia, depois de terem percorrido uma estrada nevada solitária flanqueada por uma densa floresta de pinheiros

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

AS MONTANHAS TRÊS LOBOS surgiram diante deles por volta do meio-dia, depois de terem percorrido uma estrada nevada solitária flanqueada por uma densa floresta de pinheiros. Outeiros demarcavam o solo duro da região coberto por uma grossa camada de neve e por onde a estrada serpenteante cortava o vale, levando-os em direção a uma extensa cadeia de montanhas azuis geladas de picos pontiagudos brilhantes sob o sol da manhã.

Logo depois delas, avistaram as montanhas pelas quais procuravam: três elevações rochosas de proporções colossais cobertas por neve e gelo no formato da mandíbula superior de três lobos que, por suas vezes, encimavam três montanhas muito menores, sombreando-as. À volta delas, havia uma floresta ainda mais cerrada, a linha irregular das copas das árvores estava pintada de branco devido à última nevasca.

Sobre tudo aquilo, um céu cinza-claro e nuvioso; o prenúncio de que mais uma tempestade estava a caminho. Uma premonição que se provou verdadeira quando os primeiros flocos de neve voltaram a cair sobre a região, fazendo as temperaturas despencarem bruscamente e forçando o grupo de Sakura a fazer uma pequena pausa nos arredores.

— Estamos quase chegando — ela disse para os pupilos na esperança de motivá-los.

Todos os três estavam bastante cansados e exasperados pelo mau tempo. Tinham resmungado bastante nas últimas horas, especialmente por causa do frio. Sakura sabia que quanto mais cedo estivessem na Cúpula, melhor seria. O edifício onde a reunião seria realizada estaria bem guardado e os protegeria das intempéries e de prováveis inimigos que ainda estivessem à espreita.

Yusuke e Toyoharu estavam dividindo um onigiri num canto e murmurando enquanto Hikari esfregava, infeliz, as mãos desnudas a fim de aquecê-las. Sakura suspirou diante da cena. Talvez seus alunos começassem a vê-la menos como uma professora e mais como uma megera depois daquela viagem ao país do Ferro.

Sentindo-se inquieta, ela vasculhou o perímetro ao seu redor à procura da figura taciturna de Sasuke. Não o encontrou. Partiu para localizá-lo, julgando seguro afastar-se de seus alunos ranzinzas só por um instante. Apoiando uma mão no tronco áspero de uma árvore, adentrou uma pequena clareira onde o encontrou, com as costas viradas para ela.

— Está tudo bem? — perguntou quando se aproximou.

Sasuke tinha andado estranho a manhã inteira, mais recluso e sombrio do que o normal — para os padrões daquele Sasuke. Ela tinha desejado perguntar se ele estava se sentindo mal, se sentia algum desconforto. As memórias daquela noite em que o curou voltavam-lhe à mente de tempos em tempos: a agonia no semblante dele mesmo quando perdeu os sentidos, o modo como tinha chamado nomes incessantemente, inclusive pelo dela... Ou pelo da Sakura com quem ele dividia tudo; uma vida, seus segredos, seus pensamentos e sentimentos.

Ela não gostava de reconhecer aquele sentimento, considerava a sua mera existência um pecado grave, mas invejava a Sakura do mundo de onde ele viera. Ela não tinha apenas o coração daquele homem como construíra tantas coisas bonitas ao lado dele. E via nitidamente como ele as amava pelo modo como falava do seu mundo, da família e da função de protetor que desempenhava.

Dark DawnOnde histórias criam vida. Descubra agora