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Mateo entra e vem até a cozinha, aonde eu e Nate estamos, e para logo ao lado de Nate.

— Eai, vamos?— ele olha para Nate e depois olha para mim pelo canto do olho.

— Ãn... Vamos, vamos. Só vou lá em cima rapidinho pegar minha prancha e então a gente sai.— Nate diz e sai em direção ao quarto e depois de uns quatro passos ele vira e olha rapidamente para mim e depois sobre as escadas de dois em dois degraus.

O cara é tão burro que não sabe nem disfarçar.

Nate se aproxima de mim e começo a sentir meu coração disparar. Cruzo os braços no peito e encaro o chão, ciente de que se eu olhar diretamente para seus olhos eu com certeza vou desmaiar de novo.

— Ãn... Você está se sentindo melhor?— ele diz parando a menos de dois passos de mim. Recuo instintivamente, temendo a proximidade dele.

— Hum... Sim! Sim. Estou melhor, só estou com um pouco de dor de cabeça e um calombo enorme também. — eu já sei o que vem depois disso, então só espero ele falar ao invés de desmascarar ele logo de cara.

— Ah! Que chato...— olho para ele de relance e vejo que ele esta vermelho como uma pimenta, volto a encarar o chão sentindo meu rosto ficar quente também.

— Eu queria te falar uma coisa... Quer dizer... Queria te pedir uma coisa... Não, não é isso. Ontem eu sem querer, eu não queria fazer aquilo. Tomei um susto, não queria...— ele gaguejava tanto que não consegui me segurar e decido acabar logo com o sofrimento dele

— Eu já sei que você me derrubou. — as palavras saem apresadas. A vontade de acabar com isso é desesperadora.

— O que? O Nate te falou? Eu vou matar aquele idiota!— a irritação na voz dele é nítida.

— Não! Eu o escutei falando com a Jane de manhã. — falo rápido antes que ele faça alguma coisa com Nate.

Olho nos olhos dele e rapidamente viro o rosto, mas não rápido o suficiente e sinto meu coração acelerar.

— Ah! Entendi. Mas de qualquer forma, eu sinto muito. Não sei por que fiz aquilo, não sei como explicar. Foi tão estranho, eu nunca...— ele fala mais para si mesmo do que para mim.

— Você também sentiu não foi? Quando tocou em mim. — digo antes de pensar no que estou falando.

— O que?— Mateo fica branco, como se tivesse visto um fantasma.

E como se fosse o destino estivesse querendo brincar comigo, Nate aparece descendo as escadas e parando ao lado de Mateo. Logo agora que eu queria que ele demorasse mais.

Será que se eu quebrar a prancha na cabeça dele alguém vai ligar? Vai ser bem rápido, nem vai doer tanto...

— Eai? Vamos?— Nate interrompe meus pensamentos.

— Vamos... — Mateo não tira os olhos arregalados de mim.

— Que foi cara? Você tá bem? Parece que viu um fantasma. Lana é feia, mas não é pra tanto. — Nate olha nos olhos de Mateo e começa a balançar seus ombros.

Por maior que seja a vontade de dar um soco na cara de Nate por falar que eu sou feia bem na minha cara, eu não consigo reagir também, como se meu cérebro não conseguisse processar nada além do sentimento que Mateo está transferindo para mim através de seus olhos vidrados nos meus, como se estivéssemos nos comunicando, lendo os pensamentos um do outro.

Mateo pisca várias vezes, como se tivesse acabado de acordar de um transe hipnótico, e eu automaticamente também acordo.

— Eu estou bem. Para de me balançar, tira a mão de mim. — Mateo diz com um tom de voz que me assusta, afasta a mão de Nate e da um empurrão nele

Maré De EmoçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora