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Leonor

Começava a anoitecer.

Uma chamada perdida da minha mãe encontrava-se na barra de notificações do meu telemóvel.


Mãe

Chego a casa mais tarde
Estou com um amigo meu
Beijinhos

Amigo menina Leonor?
A tua mãe está á espera que
venhas jantar

Mãe, janto mais tarde
Amo-te muito

É é

Confesso que queria rir.

Tanto eu como o Ander sentamo-nos na areia, mas um pouco mais afastados do mar. A temperatura começava a diminuir, e tinha simplesmente um top e um casaco.

  Queria saber tudo sobre ele, desde quando e porquê que teve a iniciativa de consumir algo tão perigoso.

- Começou quando tinha dezasseis anos. - fiquei a observá-lo, enquanto o mesmo mantinha o olhar fixo no mar - Entrei para a Enforex, e até aí a vida era muito boa. Mal sabia o que ainda estava por vir. - ele deixou escapar um suspiro - Eu dava-me bem com toda a gente, e o Guzmán até era um dos meus melhores amigos. Só que, a vida começou a correr-me mal como sabes o porquê e com tanto stress, comecei a tornar-me diferente. Festas todos os dias, miúdas, e principalmente fumava imenso.

- Porque é que não falas com alguém, quando sentes que a tua vida se está a desmoronar? - ele encolheu os ombros - Achas que é preferível andares a estragar-te?

- Mesmo que fale, as pessoas nunca vão sentir aquilo que eu sinto.

- Sempre te sentias mais leve. - ele encarou-me - Da forma que me procuras quando podes, devias de fazer o mesmo com um amigo de confiança. Percebes? - ele assentiu - Sempre é melhor, que andares aí a guardar tudo para ti. E claro, tornas-te mais frio com o passar do tempo.

- Mas não é fácil. Não gosto de chatear as pessoas com cenas minhas.
E é por isso que guardo tudo.

- Não deves fazê-lo. Olha, eu não sou a melhor conselheira mas pelo menos eu tento sempre dar-te os melhores avisos que posso. Achas que me sinto bem, a ver-te em baixo todos os dias?

- És a melhor conselheira que tive até agora. E eu sei que ficas-te chateada comigo, estavas no teu direito. Mas percebe que fiz isto para tentar proteger a nossa amizade. Não querias que estivesses metida com as minhas cenas do passado.

  - Por acaso, vim dar uma volta por dar nem sabia que estavas aqui. Imagina se estivesse a acontecer noutro lugar?

- Por um lado ainda bem que viste. Ao menos já não tenho que esconder. - concordei com ele. - Mas continuando.  Eu conheci o primo do Guzmán numa festa em casa dele. O Guzmán dá muitas festas às sextas e é para tipo, qualquer pessoa pode entrar. - arregalei os olhos. - Então pronto, eu estava perdido de bêbado na altura e como vi o primo dele a fazê-lo fui ter com ele e fizemos um negócio privado. Eu ia-lhe pedindo e quando ele tivesse o material, encontravama-nos para ele me dar. 

Elite ➳ Ander PiperOnde histórias criam vida. Descubra agora